É também princípio fundamental da Igreja Presbiteriana que toda
autoridade eclesiástica é ministerial e declarativa; todas as decisões dos
concílios devem harmonizar-se com a revelação divina. A consciência não deve se
sujeitar a essas decisões se elas forem contrárias à Palavra de Deus.
Ainda outro princípio da mesma Igreja é que os concílios, sendo de
homens falíveis, podem errar, e muitas vezes têm errado. Suas decisões,
portanto, não podem ser recebidas como regra absoluta e primária de fé e
prática; servem somente para ajudar na crença ou na conduta que se deve adotar.
O supremo juiz de todas as controvérsias, em matéria religiosa, é o Espírito
Santo falando na e pela Escritura. Por esta, pois, devem-se julgar toda e
qualquer decisão dos concílios e toda e qualquer doutrina ensinada por homens.
Admitir a falibilidade dos concílios não é depreciar a autoridade da
Confissão de Fé dos Catecismos para aqueles que de livre vontade os aceitem.
Admitindo tal, a igreja somente declara que depende do Autor da Escritura e
recebe a direção do seu Espírito na interpretação da Palavra e nas fórmulas de
aplicar suas doutrinas. A Igreja Presbiteriana sustenta que a Escritura é a
suprema e infalível regra de fé e prática; e que a Confissão de Fé e os
Catecismos apresentam os sistemas de doutrinas ensinado na Escritura, dela
derivam toda a sua autoridade e a ela tudo se subordina.
É justamente porque cremos que a Confissão de Fé os Catecismos estão em
harmonia com a Escritura, nossa regra infalível, que os aceitamos. Não existem,
pois, na Igreja Presbiteriana, duas regras de fé, mas uma só, suprema e
infalível. As outras fórmulas são subordinadas e falíveis, necessárias para a
pureza, governo e disciplina da igreja. Assim, a experiência de muitos séculos
o tem demonstrado.
Nota Histórica
Desde julho de 1643 até fevereiro de 1649, reuniu-se em uma das salas da
Abadia de Westminster, na cidade de Londres, o Concílio conhecido na história
pelo nome de Assembleia de Westminster. Esse
Concílio foi convocado pelo Parlamento Inglês, para preparar uma nova base de
doutrina, uma forma de culto e um governo eclesiástico que devia servir para a
igreja do Estado.
Os teólogos mais eruditos daquele tempo tomaram parte nos trabalhos da
Assembleia. A Confissão de Fé e os
Catecismos foram discutidos ponto a ponto, aproveitando-se do que havia de
melhor nas Confissões já formuladas. O resultado foi a organização de um
sistema de doutrina cristã baseado na Escritura e notável pela sua coerência em
todas as suas partes.
A Confissão de Westminster foi
a últimas das confissões reformadas durante o período da Reforma. Até agora,
houve na história da igreja somente dois períodos que se distinguiram pelo
número de credos ou confissões que neles foram produzidos. O primeiro pertence
aos séculos IV e V, que produziram os credos formulados pelos concílios
ecumênicos de Nicéia, Constantinopla, Éfeso e Calcedônia; o segundo está
sincronizado com o período da Reforma. Os símbolos do primeiro período
chamam-se “credos”; os do segundo, “confissões”. Uma comparação entre o Credo dos Apóstolos, por exemplo, e a Confissão de Westminster mostrará a
diferença. O Credo é fórmula de uma fé
pessoal e principia com a palavra creio. A Confissão de Westminster segue o plano
adotado no tempo da Reforma, é mais elaborada e apresenta um pequeno sistema de
teologia.
A utilidade de uma Confissão de Fé
evidencia-se na história das igrejas reformadas ou presbiterianas. Sendo a Confissão de Fé Westminster a mais
perfeita que elas conseguiram formular, une e estreita as relações entre os
presbiterianos de todo mundo. Os Catecismos especialmente têm servido para
doutrinar os crentes nas puras verdades do evangelho.
John M. Kyle
Artigo
extraído da Bíblia de Estudo Genebra – Editora Cultura Cristã
CAPÍTULO I
DA ESCRITURA SAGRADA
I. Ainda que a luz da natureza e as obras da
criação e da providência de tal modo manifestem a bondade, a sabedoria e o
poder de Deus, que os homens ficam inescusáveis, contudo não são suficientes
para dar aquele conhecimento de Deus e da sua vontade necessário para a
salvação; por isso foi o Senhor servido, em diversos tempos e diferentes modos,
revelar-se e declarar à sua Igreja aquela sua vontade; e depois, para melhor preservação
e propagação da verdade, para o mais seguro estabelecimento e conforto da
Igreja contra a corrupção da carne e malícia de Satanás e do mundo, foi
igualmente servido fazê-la escrever toda. Isto torna indispensável a Escritura
Sagrada, tendo cessado aqueles antigos modos de revelar Deus a sua vontade ao
seu povo.
Referências - Sal. 19: 1-4; Rom. 1: 32, e 2:
1, e 1: 19-20, e 2: 14-15; I Cor. 1:21, e 2:13-14; Heb. 1:1-2; Luc. 1:3-4; Rom.
15:4; Mat. 4:4, 7, 10; Isa. 8: 20; I Tim. 3: I5; II Pedro 1: 19.
II. Sob o nome de Escritura Sagrada, ou
Palavra de Deus escrita, incluem-se agora todos os livros do Velho e do Novo
Testamento, que são os seguintes, todos dados por inspiração de Deus para serem
a regra de fé e de prática:
O VELHO TESTAMENTO
Gênesis Esdras Oséias Êxodo Neemias Joel
Levítico Ester Amós Números Jó Obadias Deuteronômio Salmos Jonas Josué
Provérbios Miquéias Juízes Eclesiastes Naum Rute Cântico dos Habacuque I Samuel
Cânticos Sofonias II Samuel Isaías Ageu I Reis Jeremias Zacarias II Reis Lamentações
Malaquias I Crônicas Ezequiel II Crônicas Daniel
O NOVO TESTAMENTO
Mateus Efésios Hebreus Marcos Filipenses
Tiago Lucas Colossenses I Pedro João I Tessalonicenses II Pedro Atos II
Tessalonicenses I João Romanos I Timóteo II João I Coríntios II Timóteo III
João II Coríntios Tito Judas Gálatas Filemon Apocalipse
Ref. Ef. 2:20; Apoc. 22:18-19: II Tim. 3:16;
Mat. 11:27.
III. Os livros geralmente chamados Apócrifos,
não sendo de inspiração divina, não fazem parte do cânon da Escritura; não são,
portanto, de autoridade na Igreja de Deus, nem de modo algum podem ser
aprovados ou empregados senão como escritos humanos.
Ref. Luc. 24:27,44; Rom. 3:2; II Pedro 1:21.
IV. A autoridade da Escritura Sagrada, razão
pela qual deve ser crida e obedecida, não depende do testemunho de qualquer
homem ou igreja, mas depende somente de Deus (a mesma verdade) que é o seu
autor; tem, portanto, de ser recebida, porque é a palavra de Deus.
Ref. II Tim. 3:16; I João 5:9, I Tess. 2:13.
V. Pelo testemunho da Igreja podemos ser movidos
e incitados a um alto e reverente apreço da Escritura Sagrada; a suprema
excelência do seu conteúdo, e eficácia da sua doutrina, a majestade do seu
estilo, a harmonia de todas as suas partes, o escopo do seu todo (que é dar a
Deus toda a glória), a plena revelação que faz do único meio de salvar-se o
homem, as suas muitas outras excelências incomparáveis e completa perfeição,
são argumentos pelos quais abundantemente se evidencia ser ela a palavra de
Deus; contudo, a nossa plena persuasão e certeza da sua infalível verdade e
divina autoridade provém da operação interna do Espírito Santo, que pela
palavra e com a palavra testifica em nossos corações.
Ref. I Tim. 3:15; I João 2:20,27; João
16:13-14; I Cor. 2:10-12.
VI. Todo o conselho de Deus concernente a
todas as coisas necessárias para a glória dele e para a salvação, fé e vida do
homem, ou é expressamente declarado na Escritura ou pode ser lógica e
claramente deduzido dela. À Escritura nada se acrescentará em tempo algum, nem
por novas revelações do Espírito, nem por tradições dos homens; reconhecemos,
entretanto, ser necessária a íntima iluminação do Espírito de Deus para a
salvadora compreensão das coisas reveladas na palavra, e que há algumas
circunstâncias, quanto ao culto de Deus e ao governo da Igreja, comum às ações
e sociedades humanas, as quais têm de ser ordenadas pela luz da natureza e pela
prudência cristã, segundo as regras gerais da palavra, que sempre devem ser
observadas.
Ref. II Tim. 3:15-17; Gal. 1:8; II Tess. 2:2;
João 6:45; I Cor. 2:9, 10, l2; I Cor. 11:13-14.
VII. Na Escritura não são todas as coisas
igualmente claras em si, nem do mesmo modo evidentes a todos; contudo, as
coisas que precisam ser obedecidas, cridas e observadas para a salvação, em um
ou outro passo da Escritura são tão claramente expostas e explicadas, que não
só os doutos, mas ainda os indoutos, no devido uso dos meios ordinários, podem
alcançar uma suficiente compreensão delas.
Ref. II Pedro 3:16; Sal. 119:105, 130; Atos
17:11.
VIII. O Velho Testamento em Hebraico (língua
vulgar do antigo povo de Deus) e o Novo Testamento em Grego (a língua mais
geralmente conhecida entre as nações no tempo em que ele foi escrito), sendo
inspirados imediatamente por Deus e pelo seu singular cuidado e providência
conservados puros em todos os séculos, são por isso autênticos e assim em todas
as controvérsias religiosas a Igreja deve apelar para eles como para um supremo
tribunal; mas, não sendo essas línguas conhecidas por todo o povo de Deus, que
tem direito e interesse nas Escrituras e que deve no temor de Deus lê-las e
estudá-las, esses livros têm de ser traduzidos nas línguas vulgares de todas as
nações aonde chegarem, a fim de que a palavra de Deus, permanecendo nelas
abundantemente, adorem a Deus de modo aceitável e possuam a esperança pela
paciência e conforto das escrituras.
Ref. Mat. 5:18; Isa. 8:20; II Tim. 3:14-15; I
Cor. 14; 6, 9, 11, 12, 24, 27-28; Col. 3:16; Rom. 15:4.
IX. A regra infalível de interpretação da
Escritura é a mesma Escritura; portanto, quando houver questão sobre o
verdadeiro e pleno sentido de qualquer texto da Escritura (sentido que não é
múltiplo, mas único), esse texto pode ser estudado e compreendido por outros
textos que falem mais claramente.
Ref. At. 15: 15; João 5:46; II Ped. 1:20-21.
X. O Juiz Supremo, pelo qual todas as
controvérsias religiosas têm de ser determinadas e por quem serão examinados
todos os decretos de concílios, todas as opiniões dos antigos escritores, todas
as doutrinas de homens e opiniões particulares, o Juiz Supremo em cuja sentença
nos devemos firmar não pode ser outro senão o Espírito Santo falando na
Escritura.
Ref. Mat. 22:29, 3 1; At. 28:25; Gal. 1: 10.
CAPÍTULO II
DE DEUS E DA SANTÍSSIMA TRINDADE
I. Há um só Deus vivo e verdadeiro, o qual é
infinito em seu ser e perfeições. Ele é um espírito puríssimo, invisível, sem
corpo, membros ou paixões; é imutável, imenso, eterno, incompreensível, -
onipotente, onisciente, santíssimo, completamente livre e absoluto, fazendo
tudo para a sua própria glória e segundo o conselho da sua própria vontade, que
é reta e imutável. É cheio de amor, é gracioso, misericordioso, longânimo,
muito bondoso e verdadeiro remunerador dos que o buscam e, contudo, justíssimo
e terrível em seus juízos, pois odeia todo o pecado; de modo algum terá por
inocente o culpado.
Ref. Deut. 6:4; I Cor. 8:4, 6; I Tess. 1:9;
Jer. 10:10; Jó 11:79; Jó 26:14; João 6:24; I Tim. 1:17; Deut. 4:15-16; Luc.
24:39; At. 14:11, 15; Tiago 1:17; I Reis 8:27; Sal. 92:2; Sal. 145:3; Gen.
17:1; Rom. 16:27; Isa. 6:3; Sal. 115:3; Exo3:14; Ef. 1:11; Prov. 16:4; Rom.
11:36; Apoc. 4:11; I João 4:8; Exo. 36:6-7; Heb. 11:6; Nee. 9:32-33; Sal.
5:5-6; Naum 1:2-3.
II. Deus tem em si mesmo, e de si mesmo, toda
a vida, glória, bondade e bem-aventurança. Ele é todo suficiente em si e para
si, pois não precisa das criaturas que trouxe à existência, não deriva delas
glória alguma, mas somente manifesta a sua glória nelas, por elas, para elas e
sobre elas. Ele é a única origem de todo o ser; dele, por ele e para ele são
todas as coisas e sobre elas tem ele soberano domínio para fazer com elas, para
elas e sobre elas tudo quanto quiser. Todas as coisas estão patentes e
manifestas diante dele; o seu saber é infinito, infalível e independente da
criatura, de sorte que para ele nada é contingente ou incerto. Ele é santíssimo
em todos os seus conselhos, em todas as suas obras e em todos os seus
preceitos. Da parte dos anjos e dos homens e de qualquer outra criatura lhe são
devidos todo o culto, todo o serviço e obediência, que ele há por bem requerer
deles.
Ref. João 5:26; At. 7:2; Sal. 119:68; I Tim.
6: 15; At - . 17:24-25; Rom. 11:36; Apoc. 4:11; Heb. 4:13; Rom. 11:33-34; At.
15:18; Prov. 15:3; Sal. 145-17; Apoc. 5: 12-14.
III. Na unidade da Divindade há três pessoas
de uma mesma substância, poder e eternidade - Deus o Pai, Deus o Filho e Deus o
Espírito Santo, O Pai não é de ninguém - não é nem gerado, nem procedente; o
Filho é eternamente gerado do Pai; o Espírito Santo é eternamente procedente do
Pai e do Filho.
Ref. Mat. 3:16-17; 28-19; II Cor. 13:14; João
1:14, 18 e 15:26; Gal. 4:6.
CAPÍTULO III
DOS ETERNOS DECRETOS DE DEUS
I. Desde toda a eternidade, Deus, pelo muito
sábio e santo conselho da sua própria vontade, ordenou livre e inalteravelmente
tudo quanto acontece, porém de modo que nem Deus é o autor do pecado, nem
violentada é a vontade da criatura, nem é tirada a liberdade ou contingência
das causas secundárias, antes estabelecidas.
Ref. Isa. 45:6-7; Rom. 11:33; Heb. 6:17;
Sal.5:4; Tiago 1:13-17; I João 1:5; Mat. 17:2; João 19:11; At.2:23; At. 4:27-28
e 27:23, 24, 34.
II. Ainda que Deus sabe tudo quanto pode ou
há de acontecer em todas as circunstâncias imagináveis, ele não decreta coisa
alguma por havê-la previsto como futura, ou como coisa que havia de acontecer
em tais e tais condições.
Ref. At. 15:18; Prov.16:33; I Sam. 23:11-12;
Mat. 11:21-23; Rom. 9:11-18.
III. Pelo decreto de Deus e para manifestação
da sua glória, alguns homens e alguns anjos são predestinados para a vida
eterna e outros preordenados para a morte eterna.
Ref. I Tim.5:21; Mar. 5:38; Jud. 6; Mat.
25:31, 41; Prov. 16:4; Rom. 9:22-23; Ef. 1:5-6.
IV. Esses homens e esses anjos, assim
predestinados e preordenados, são particular e imutavelmente designados; o seu
número é tão certo e definido, que não pode ser nem aumentado nem diminuído.
Ref. João 10: 14-16, 27-28; 13:18; II Tim.
2:19.
V. Segundo o seu eterno e imutável propósito
e segundo o santo conselho e beneplácito da sua vontade, Deus antes que fosse o
mundo criado, escolheu em Cristo para a glória eterna os homens que são
predestinados para a vida; para o louvor da sua gloriosa graça, ele os escolheu
de sua mera e livre graça e amor, e não por previsão de fé, ou de boas obras e
perseverança nelas, ou de qualquer outra coisa na criatura que a isso o
movesse, como condição ou causa.
Ref. Ef. 1:4, 9, 11; Rom. 8:30; II Tim. 1:9;
I Tess, 5:9; Rom. 9:11-16; Ef. 1: 19: e 2:8-9.
VI. Assim como Deus destinou os eleitos para
a glória, assim também, pelo eterno e mui livre propósito da sua vontade,
preordenou todos os meios conducentes a esse fim; os que, portanto, são
eleitos, achando-se caídos em Adão, são remidos por Cristo, são eficazmente
chamados para a fé em Cristo pelo seu Espírito, que opera no tempo devido, são
justificados, adotados, santificados e guardados pelo seu poder por meio da fé
salvadora. Além dos eleitos não há nenhum outro que seja remido por Cristo,
eficazmente chamado, justificado, adotado, santificado e salvo.
Ref. I Pedro 1:2; Ef. 1:4 e 2: 10; II Tess.
2:13; I Tess. 5:9-10; Tito 2:14; Rom. 8:30; Ef.1:5; I Pedro 1:5; João 6:64-65 e
17:9; Rom. 8:28; I João 2:19.
VII. Segundo o inescrutável conselho da sua
própria vontade, pela qual ele concede ou recusa misericórdia, como lhe apraz,
para a glória do seu soberano poder sobre as suas criaturas, o resto dos
homens, para louvor da sua gloriosa justiça, foi Deus servido não contemplar e
ordená-los para a desonra e ira por causa dos seus pecados.
Ref. Mat. 11:25-26; Rom. 9:17-22; II Tim.
2:20; Jud. 4; I Pedro 2:8.
VIII. A doutrina deste alto mistério de
predestinação deve ser tratada com especial prudência e cuidado, a fim de que
os homens, atendendo à vontade revelada em sua palavra e prestando obediência a
ela, possam, pela evidência da sua vocação eficaz, certificar-se da sua eterna
eleição. Assim, a todos os que sinceramente obedecem ao Evangelho esta doutrina
fornece motivo de louvor, reverência e admiração de Deus, bem como de humildade
diligência e abundante consolação.
Ref. Rom. 9:20 e 11:23; Deut. 29:29; II Pedro
1:10; Ef. 1:6; Luc. 10:20; Rom. 5:33, e 11:5-6, 10.
CAPÍTULO IV
DA CRIAÇÃO
I. Ao princípio aprouve a Deus o Pai, o Filho
e o Espírito Santo, para a manifestação da glória do seu eterno poder,
sabedoria e bondade, criar ou fazer do nada, no espaço de seis dias, e tudo
muito bom, o mundo e tudo o que nele há, visíveis ou invisíveis.
Ref. Rom. 9:36; Heb. 1:2; João 1:2-3, Rom.
1:20; Sal. 104:24; Jer. 10: 12; Gen. 1; At. 17:24; Col. 1: 16; Exo. 20: 11.
II. Depois de haver feito as outras
criaturas, Deus criou o homem, macho e fêmea, com almas racionais e imortais, e
dotou-as de inteligência, retidão e perfeita santidade, segundo a sua própria
imagem, tendo a lei de Deus escrita em seus corações, e o poder de cumpri-la,
mas com a possibilidade de transgredi-la, sendo deixados à liberdade da sua
própria vontade, que era mutável. Além dessa escrita em seus corações, receberam
o preceito de não comerem da árvore da ciência do bem e do mal; enquanto
obedeceram a este preceito, foram felizes em sua comunhão com Deus e tiveram
domínio sobre as criaturas.
Ref. Gen. 1:27 e 2:7; Sal. 8:5; Ecl. 12:7;
Mat. 10:28; Rom. 2:14, 15; Col. 3:10; Gen. 3:6.
CAPÍTULO V
DA PROVIDÊNCIA
I. Pela sua muito sábia providência, segundo
a sua infalível presciência e o livre e imutável conselho da sua própria
vontade, Deus, o grande Criador de todas as coisas, para o louvor da glória da
sua sabedoria, poder, justiça, bondade e misericórdia, sustenta, dirige, dispõe
e governa todas as suas criaturas, todas as ações e todas as coisas, desde a
maior até a menor.
Ref. Nee, 9:6; Sal. 145:14-16; Dan. 4:34-35;
Sal. 135:6; Mat. 10:29-31; Prov. 15:3; II Cron. 16:9; At.15:18; Ef. 1:11; Sal.
33:10-11; Ef. 3:10; Rom. 9:17; Gen. 45:5.
II. Posto que, em relação à presciência e ao
decreto de Deus, que é a causa primária, todas as coisas acontecem imutável e
infalivelmente, contudo, pela mesma providência, Deus ordena que elas sucedam
conforme a natureza das causas secundárias, necessárias, livre ou
contingentemente.
Ref. Jer. 32:19; At. 2:13; Gen. 8:22; Jer.
31:35; Isa.10:6-7.
III. Na sua providência ordinária Deus
emprega meios; todavia, ele é livre para operar sem eles, sobre eles ou contra
eles, segundo o seu arbítrio.
Ref. At. 27:24, 31; Isa. 55:10-11; Os.1:7;
Rom. 4:20-21; Dan.3:27; João 11:34-45; Rom. 1:4.
IV. A onipotência, a sabedoria inescrutável e
a infinita bondade de Deus, de tal maneira se manifestam na sua providência,
que esta se estende até a primeira queda e a todos os outros pecados dos anjos
e dos homens, e isto não por uma mera permissão, mas por uma permissão tal que,
para os seus próprios e santos desígnios, sábia e poderosamente os limita, e
regula e governa em uma múltipla dispensarão mas essa permissão é tal, que a
pecaminosidade dessas transgressões procede tão somente da criatura e não de
Deus, que, sendo santíssimo e justíssimo, não pode ser o autor do pecado nem
pode aprová-lo.
Ref. Isa. 45:7; Rom. 11:32-34; At. 4:27-28;
Sal. 76:10; II Reis 19:28; At.14:16; Gen. 50:20; Isa. 10:12; I João 2:16; Sal.
50:21; Tiago 1:17.
V. O mui sábio, justo e gracioso Deus muitas
vezes deixa por algum tempo seus filhos entregues a muitas tentações e à
corrupção dos seus próprios corações, para castigá-los pelos seus pecados
anteriores ou fazer-lhes conhecer o poder oculto da corrupção e dolo dos seus
corações, a fim de que eles sejam humilhados; para animá-los a dependerem mais
intima e constantemente do apoio dele e torná-los mais vigilantes contra todas
as futuras ocasiões de pecar, para vários outros fins justos e santos.
Ref. II Cron. 32:25-26, 31; II Sam. 24:1, 25;
Luc. 22:31-32; II Cor. 12:7-9.
VI. Quanto àqueles homens malvados e ímpios
que Deus, como justo juiz, cega e endurece em razão de pecados anteriores, ele
somente lhes recusa a graça pela qual poderiam ser iluminados em seus
entendimentos e movidos em seus corações, mas às vezes tira os dons que já
possuíam, e os expõe a objetos que a sua corrupção torna ocasiões de pecado;
além disso os entrega às suas próprias paixões, às tentações do mundo e ao
poder de Sataná5: assim acontece que eles se endurecem sob as influências dos
meios que Deus emprega para o abrandamento dos outros.
Ref. Rom. 1:24-25, 28 e 11:7; Deut. 29:4;
Mar. 4:11-12; Mat. 13:12 e 25:29; II Reis 8:12-13; Sal.81:11-12; I Cor. 2:11;
II Cor. 11:3; Exo. 8:15, 32; II Cor. 2:15-16; Isa. 8:14.
VII. Como a providência de Deus se estende,
em geral, a todos os crentes, também de um modo muito especial ele cuida da
Igreja e tudo dispõe a bem dela.
Ref. Amós 9:8-9; Mat. 16:18; Rom. 8-28; I
Tim. 4: 10.
CAPÍTULO VI
DA QUEDA DO HOMEM, DO PECADO E DO SEU CASTIGO
I. Nossos primeiros pais, seduzidos pela
astúcia e tentação de Satanás, pecaram, comendo do fruto proibido. Segundo o
seu sábio e santo conselho, foi Deus servido permitir este pecado deles,
havendo determinado ordená-lo para a sua própria glória.
Ref. Gen. 3:13; II Cor. 11:3; Rom. 11:32 e
5:20-21.
II. Por este pecado eles decaíram da sua
retidão original e da comunhão com Deus, e assim se tornaram mortos em pecado e
inteiramente corrompidos em todas as suas faculdades e partes do corpo e da
alma.
Ref. Gen. 3:6-8; Rom. 3:23; Gen. 2:17; Ef.
2:1-3; Rom. 5:12; Gen. 6:5; Jer. 17:9; Tito 1:15; Rom.3:10-18.
III. Sendo eles o tronco de toda a
humanidade, o delito dos seus pecados foi imputado a seus filhos; e a mesma
morte em pecado, bem como a sua natureza corrompida, foram transmitidas a toda
a sua posteridade, que deles procede por geração ordinária.
Ref. At. 17:26; Gen. 2:17; Rom. 5:17, 15-19;
I Cor. 15:21-22,45, 49; Sal.51:5; Gen.5:3; João3:6.
IV. Desta corrupção original pela qual
ficamos totalmente indispostos, adversos a todo o bem e inteiramente inclinados
a todo o mal, é que procedem todas as transgressões atuais.
Ref. Rom. 5:6, 7:18 e 5:7; Col. 1:21; Gen.
6:5 e 8:21; Rom. 3:10-12; Tiago 1:14-15; Ef. 2:2-3; Mat. 15-19.
V. Esta corrupção da natureza persiste,
durante esta vida, naqueles que são regenerados; e, embora seja ela perdoada e
mortificada por Cristo, todavia tanto ela, como os seus impulsos, são real e
propriamente pecado.
Ref. Rom. 7:14, 17, 18, 21-23; Tiago 3-2; I
João 1:8-10; Prov. 20:9; Ec. 7-20; Gal.5:17.
VI. Todo o pecado, tanto o original como o
atual, sendo transgressão da justa lei de Deus e a ela contrária, torna, pela
sua própria natureza, culpado o pecador e por essa culpa está ele sujeito à ira
de Deus e à maldição da lei e, portanto, exposto à morte, com todas as misérias
espirituais, temporais e eternas.
Ref. I João 3:4; Rom. 2: 15; Rom. 3:9, 19;
Ef. 2:3; Gal. 3:10; Rom. 6:23; Ef. 6:18; Lam, 3:39; Mat. 25:41; II Tess. 1:9.
CAPÍTULO VII
DO PACTO DE DEUS COM O HOMEM
I. Tão grande é a distância entre Deus e a
criatura, que, embora as criaturas racionais lhe devam obediência como ao seu
Criador, nunca poderiam fruir nada dele como bem-aventurança e recompensa,
senão por alguma voluntária condescendência da parte de Deus, a qual foi ele
servido significar por meio de um pacto.
Ref. Jó 9:32-33; Sal. 113:5-6; At. 17:24-25;
Luc. 17: 10.
II. O primeiro pacto feito com o homem era um
pacto de obras; nesse pacto foi a vida prometida a Adão e nele à sua posteridade,
sob a condição de perfeita obediência pessoal.
Ref. Gal. 3:12; Rom. 5: 12-14 e 10:5; Gen.
2:17; Gal. 3: 10.
III. O homem, tendo-se tornado pela sua queda
incapaz de vida por esse pacto, o Senhor dignou-se fazer um segundo pacto,
geralmente chamado o pacto da graça; nesse pacto ele livremente oferece aos
pecadores a vida e a salvação por Jesus Cristo, exigindo deles a fé nele para
que sejam salvos; e prometendo dar a todos os que estão ordenados para a vida o
seu Santo Espírito, para dispô-los e habilitá-los a crer.
Ref. Gal. 3:21; Rom. 3:20-21 e 8:3; Isa.
42:6; Gen. 3:15; Mat. 28:18-20; João 3:16; Rom. 1:16-17 e 10:6-9; At. 13:48;
Ezeq. 36:26-27; João 6:37, 44, 45; Luc. 11: 13; Gal. 3:14.
IV. Este pacto da graça é freqüentemente
apresentado nas Escrituras pelo nome de Testamento, em referência à morte de
Cristo, o testador, e à perdurável herança, com tudo o que lhe pertence, legada
neste pacto.
Ref. Hebr. 9:15-17.
V. Este pacto no tempo da Lei não foi
administrado como no tempo do Evangelho. Sob a Lei foi administrado por
promessas, profecias, sacrifícios, pela circuncisão, pelo cordeiro pascoal e
outros tipos e ordenanças dadas ao povo judeu, prefigurando, tudo, Cristo que
havia de vir; por aquele tempo essas coisas, pela operação do Espírito Santo, foram
suficientes e eficazes para instruir e edificar os eleitos na fé do Messias
prometido, por quem tinham plena remissão dos pecados e a vida eterna: essa
dispensarão chama-se o Velho Testamento.
Ref. II Cor. 3:6-9; Rom. 6:7; Col. 2:11-12; I
Cor. 5:7 e 10:14; Heb. 11:13; João 8:36; Gal. 3:7-9, 14.
VI. Sob o Evangelho, quando foi manifestado
Cristo, a substância, as ordenanças pelas quais este pacto é dispensado são a
pregação da palavra e a administração dos sacramentos do batismo e da ceia do
Senhor; por estas ordenanças, posto que poucas em número e administradas com
maior simplicidade e menor glória externa, o pacto é manifestado com maior
plenitude, evidência e eficácia espiritual, a todas as nações, aos judeus bem
como aos gentios. É chamado o Novo Testamento. Não há, pois, dois pactos de
graça diferentes em substância mas um e o mesmo sob várias dispensações.
Ref. Col. 2:17; Mat. 28:19-2; I Cor.
11:23-25; Heb. 12:22-24; II Cor. 3:9-11; Luc. 2:32; Ef. 2:15-19; Luc. 22:20;
Gal. 3:14-16; At. 15: l 1; Rom. 3:21-22, 30 e 4:16-17, e 23-24; Heb. 1:1-2.
CAPÍTULO VIII
DE CRISTO O MEDIADOR
I. Aprouve a Deus em seu eterno propósito,
escolher e ordenar o Senhor Jesus, seu Filho Unigênito, para ser o Mediador
entre Deus e o homem, o Profeta, Sacerdote e Rei, o Cabeça e Salvador de sua
Igreja, o Herdeiro de todas as coisas e o Juiz do Mundo; e deu-lhe desde toda a
eternidade um povo para ser sua semente e para, no tempo devido, ser por ele
remido, chamado, justificado, santificado e glorificado.
Ref. Isa. 42: 1; I Ped. 1: 19-20; I Tim. 2:5;
João 3:16; Deut. 18:15; At. 3:20-22; Heb. 5:5-6; Isa. 9:6-7; Luc. 1:33; Heb.
1:2; Ef. 5:23; At. 17:31; II Cor.5:10; João 17:6; Ef. 1:4; I Tim. 2:56; I Cor.
1:30; Rom.8:30.
II. O Filho de Deus, a Segunda Pessoa da
Trindade, sendo verdadeiro e eterno Deus, da mesma substância do Pai e igual a
ele, quando chegou o cumprimento do tempo, tomou sobre si a natureza humana com
todas as suas propriedades essenciais e enfermidades comuns, contudo sem
pecado, sendo concebido pelo poder do Espírito Santo no ventre da Virgem Maria
e da substância dela. As duas naturezas, inteiras, perfeitas e distintas - a
Divindade e a humanidade - foram inseparavelmente unidas em uma só pessoa, sem
conversão composição ou confusão; essa pessoa é verdadeiro Deus e verdadeiro
homem, porém, um só Cristo, o único Mediador entre Deus e o homem.
Ref. João 1:1,14; I João 5:20; Fil. 2:6; Gal.
4:4; Heb. 2:14, 17 e 4:15; Luc. 1:27, 31, 35; Mat. 16:16; Col. 2:9; Rom. 9:5;
Rom. 1:3-4; I Tim. 2:5.
III. O Senhor Jesus, em sua natureza humana
unida à divina, foi santificado e sem medida ungido com o Espírito Santo tendo
em si todos os tesouros de sabedoria e ciência. Aprouve ao Pai que nele
habitasse toda a plenitude, a fim de que, sendo santo, inocente, incontaminado
e cheio de graça e verdade, estivesse perfeitamente preparado para exercer o
ofício de Mediador e Fiador. Este ofício ele não tomou para si, mas para ele
foi chamado pelo Pai, que lhe pôs nas mãos todo o poder e todo o juízo e lhe
ordenou que os exercesse.
Ref. Sal. 45:5; João 3:34; Heb. 1:8-9; Col.
2:3, e 1:9; Heb. 7:26; João 1: 14; At. 10:38; Heb. 12:24, e 5:4-5; João 5:22,
27; Mat. 28:18.
IV. Este ofício o Senhor Jesus empreendeu mui
voluntariamente. Para que pudesse exercê-lo, foi feito sujeito à lei, que ele
cumpriu perfeitamente; padeceu imediatamente em sua alma os mais cruéis
tormentos e em seu corpo os mais penosos sofrimentos; foi crucificado e morreu;
foi sepultado e ficou sob o poder da morte, mas não viu a corrupção; ao
terceiro dia ressuscitou dos mortos com o mesmo corpo com que tinha padecido;
com esse corpo subiu ao céu, onde está sentado à destra do Pai, fazendo
intercessão; de lá voltará no fim do mundo para julgar os homens e os anjos.
Ref. Sal. 40:7-8; Heb. 10:5-6; João 4:34:
Fil. 2-8; Gal. 4:4; Mat. 3:15 e 5:17; Mat. 26:37-38; Luc.22:24; Mat. 27.46; Fil
2:8; At. 2:24, 27 e 13:37; I Cor.15:4; João 20:25-27; Luc. 24:50-51; II Ped.
3:22; Rom. 8:34; Heb. 7:25; Rom. 14:10: At. 1:11, João5:28-29; Mat. 13:40-42.
V. O Senhor Jesus, pela sua perfeita
obediência e pelo sacrifício de si mesmo, sacrifício que pelo Eterno Espírito,
ele ofereceu a Deus uma só vez, satisfez plenamente à justiça do Pai. e para
todos aqueles que o Pai lhe deu adquiriu não só a reconciliação, como também uma
herança perdurável no Reino dos Céus.
Ref. Rom. 5: 19 e :25-26; Heb. 10: 14; Ef. 1:
11, 14; Col.1:20; II Cor.5: 18; 20; João 17:2; Heb.9:12,15.
VI. Ainda que a obra da redenção não foi
realmente cumprida por Cristo senão depois da sua encarnação; contudo a
virtude, a eficácia e os benefícios dela, em todas as épocas sucessivamente
desde o princípio do mundo, foram comunicados aos eleitos naquelas promessas,
tipos e sacrifícios, pelos quais ele foi revelado e significado como a semente
da mulher que devia esmagar a cabeça da serpente, como o cordeiro morto desde o
princípio do mundo, sendo o mesmo ontem, hoje e para sempre.
Ref. Gal. 4:45; Gen. 3:15; Heb. 3:8.
VII. Cristo, na obra da mediação, age de
conformidade com as suas duas naturezas, fazendo cada natureza o que lhe é
próprio: contudo, em razão da unidade da pessoa, o que é próprio de uma
natureza é às vezes, na Escritura, atribuído à pessoa denominada pela outra
natureza.
Ref. João 10:17-l8; I Ped. 3:18; Heb. 9:14;
At. 20:28; João3:13
VIII. Cristo, com toda a certeza e
eficazmente aplica e comunica a salvação a todos aqueles para os quais ele a
adquiriu. Isto ele consegue, fazendo intercessão por eles e revelando-lhes na
palavra e pela palavra os mistérios da salvação, persuadindo-os eficazmente pelo
seu Espírito a crer e a obedecer, dirigindo os corações deles pela sua palavra
e pelo seu onipotente poder e sabedoria, da maneira e pelos meios mais
conformes com a sua admirável e inescrutável dispensação.
Ref. João 6:37; 39 e10:15-16; I João 2:1;
João 15:15; Ef. 1:9; João 17:6; II Cor. 4:13; Rom. 8:9, 14 e 15:18-19; João
17:17; Sal. 90:1; I Cor. 15: 25-26; Col. 2:15; Luc. 10: 19.
CAPÍTULO IX
DO LIVRE ARBITRIO
I. Deus dotou a vontade do homem de tal
liberdade, que ele nem é forçado para o bem ou para o mal, nem a isso é
determinado por qualquer necessidade absoluta da sua natureza.
Ref. Tiago 1:14; Deut. 30:19; João 5:40; Mat.
17:12; At.7:51; Tiago 4:7.
II. O homem, em seu estado de inocência,
tinha a liberdade e o poder de querer e fazer aquilo que é bom e agradável a
Deus, mas mudavelmente, de sorte que pudesse decair dessa liberdade e poder.
Ref. Ec. 7:29; Col. 3: 10; Gen. 1:26 e
2:16-17 e 3:6.
III. O homem, caindo em um estado de pecado,
perdeu totalmente todo o poder de vontade quanto a qualquer bem espiritual que
acompanhe a salvação, de sorte que um homem natural, inteiramente adverso a
esse bem e morto no pecado, é incapaz de, pelo seu pr6prio poder, converter-se
ou mesmo preparar-se para isso.
Ref. Rom. 5:6 e 8:7-8; João 15:5; Rom.
3:9-10, 12, 23; Ef.2:1, 5; Col. 2:13; João 6:44, 65; I Cor. 2:14; Tito 3:3-5.
IV. Quando Deus converte um pecador e o
transfere para o estado de graça, ele o liberta da sua natural escravidão ao
pecado e, somente pela sua graça, o habilita a querer e fazer com toda a
liberdade o que é espiritualmente bom, mas isso de tal modo que, por causa da
corrupção, ainda nele existente, o pecador não faz o bem perfeitamente, nem
deseja somente o que é bom, mas também o que é mau.
Ref. Col.1: 13; João 8:34, 36; Fil. 2:13;
Rom. 6:18, 22; Gal.5:17; Rom. 7:15, 21-23; I João 1:8, 10.
V. É no estado de glória que a vontade do
homem se torna perfeita e imutavelmente livre para o bem só.
Ref. Ef. 4:13; Judas, 24; I João 3:2.
CAPÍTULO X
DA VOCAÇÃO EFICAZ
I. Todos aqueles que Deus predestinou para a
vida, e só esses, é ele servido, no tempo por ele determinado e aceito, chamar
eficazmente pela sua palavra e pelo seu Espírito, tirando-os por Jesus Cristo
daquele estado de pecado e morte em que estão por natureza, e transpondo-os
para a graça e salvação. Isto ele o faz, iluminando os seus entendimentos
espiritualmente a fim de compreenderem as coisas de Deus para a salvação,
tirando-lhes os seus corações de pedra e dando lhes corações de carne,
renovando as suas vontades e determinando-as pela sua onipotência para aquilo
que é bom e atraindo-os eficazmente a Jesus Cristo, mas de maneira que eles vêm
mui livremente, sendo para isso dispostos pela sua graça.
Ref. João 15:16; At. 13:48; Rom. 8:28-30 e
11:7; Ef. 1:5,10; I Tess. 5:9; 11 Tess. 2:13-14; IICor.3:3,6; Tiago 1:18; I
Cor. 2:12; Rom. 5:2; II Tim. 1:9-10; At. 26:18; I Cor. 2:10, 12: Ef. 1:17-18;
II Cor. 4:6; Ezeq. 36:26, e 11:19; Deut. 30:6; João 3:5; Gal. 6:15; Tito 3:5; I
Ped. 1:23; João 6:44-45; Sal. 90;3; João 9:3; João6:37; Mat. 11:28; Apoc.
22:17.
II. Esta vocação eficaz é só da livre e
especial graça de Deus e não provem de qualquer coisa prevista no homem; na
vocação o homem é inteiramente passivo, até que, vivificado e renovado pelo
Espírito Santo, fica habilitado a corresponder a ela e a receber a graça nela
oferecida e comunicada.
Ref. II Tim. 1:9; Tito 3:4-5; Rom. 9:11; I
Cor. 2:14; Rom. 8:7-9; Ef. 2:5; João 6:37; Ezeq. 36:27; João5:25.
III. As crianças que morrem na infância,
sendo eleitas, são regeneradas e por Cristo salvas, por meio do Espírito, que
opera quando, onde e como quer, Do mesmo modo são salvas todas as outras
pessoas incapazes de serem exteriormente chamadas pelo ministério da palavra.
Ref. Gen. 17:7; Sal. 105:8-10; Ezeq.
16-20-21; Luc. 18:1516; At. 2:39; Gal. 3:29; João 3:8 e 16:7-8; I João 5: 12;
At. 4:12.
IV. Os não eleitos, posto que sejam chamados
pelo ministério da palavra e tenham algumas das operações comuns do Espírito,
contudo não se chegam nunca a Cristo e portanto não podem ser salvos; muito
menos poderão ser salvos por qualquer outro meio os que não professam a
religião cristã, por mais diligentes que sejam em conformar as suas vidas com a
luz da natureza e com a lei da religião que professam; o asseverar e manter que
podem é muito pernicioso e detestável.
Ref. Mat. l3:14-15; At. 28:24; Mat. 22:14;
Mat. 13:20-21, e 7:22; Heb. 6:4-5; João 6:64-66, e 8:24; At. 4:12; João 14:6 e
17:3; Ef. 2:12-13; II João 10: l 1; Gal. 1:8; I Cor. 16:22.
CAPÍTULO XI
DA JUSTIFICAÇÃO
I. Os que Deus chama eficazmente, também
livremente justifica. Esta justificação não consiste em Deus infundir neles a
justiça, mas em perdoar os seus pecados e em considerar e aceitar as suas
pessoas como justas. Deus não os justifica em razão de qualquer coisa neles
operada ou por eles feita, mas somente em consideração da obra de Cristo; não
lhes imputando como justiça a própria fé, o ato de crer ou qualquer outro ato
de obediência evangélica, mas imputando-lhes a obediência e a satisfação de
Cristo, quando eles o recebem e se firmam nele pela fé, que não têm de si
mesmos, mas que é dom de Deus.
Ref. Rom. 8:30 e 3:24, 27-28; II Cor. 5:19,
21; Tito 3:5-7; Ef. 1:7; Jer. 23:6; João 1:12 e 6:44-45; At. 10:43-44; Fil.
1:20; Ef. 2:8.
II. A fé, assim recebendo e assim se firmando
em Cristo e na justiça dele, é o único instrumento de justificação; ela,
contudo não está sozinha na pessoa justificada, mas sempre anda acompanhada de
todas as outras graças salvadores; não é uma fé morta, mas obra por amor.
Ref. João 3:16, 18, 36; Rom. 3:28, e 5: I;
Tiago 2:17, 22, 26; Gal. 5:6.
III. Cristo, pela sua obediência e morte,
pagou plenamente a dívida de todos os que são justificados, e, em lugar deles,
fez a seu Pai uma satisfação própria, real e plena. Contudo, como Cristo foi
pelo Pai dado em favor deles e como a obediência e satisfação dele foram
aceitas em lugar deles, ambas livremente e não por qualquer coisa neles
existente, a justificação deles é só da livre graça, a fim de que tanto a justiça
restrita como a abundante graça de Deus sejam glorificadas na justificação dos
pecadores.
Ref. Rom. 5:8, 9, 18; II Tim. 2:5-6; Heb.
10:10, 14; Rom. 8:32; II Cor. 5:21; Mat. 3:17; Ef. 5:2; Rom. 3:26; Ef. 2:7.
IV. Deus, desde toda a eternidade, decretou justificar
todos os eleitos, e Cristo, no cumprimento do tempo, morreu pelos pecados deles
e ressuscitou para a justificação deles; contudo eles não são justificados
enquanto o Espírito Santo, no tempo próprio, não lhes aplica de fato os méritos
de Cristo.
Ref. Gal. 3:8; I Ped. 1:2, 19-20; Gal. 4:4; I
Tim. 2:6; Rom. 4:25; I Ped. 1:21; Col. 1:21-22; Tito 3:4-7.
V. Deus continua a perdoar os pecados dos que
são justificados. Embora eles nunca poderão decair do estado de justificação,
poderão, contudo, incorrer no paternal desagrado de Deus. e ficar privados da
luz do seu rosto, até que se humilhem, confessem os seus pecados, peçam perdão
e renovem a sua fé e o seu arrependimento.
Ref. Mat. 6:12; I João 1:7, 9, e 2:1-2; Luc.
22:32; João 10:28; Sal. 89:31-33; e 32:5.
VI. A justificação dos crentes sob o Velho
Testamento era, em todos estes respeitos. a mesma justificação dos crentes sob
o Novo Testamento.
Ref. Gal. 3:9, 13-14; Rom. 4:22, 24.
CAPÍTULOXII
DA ADOÇÃO
Todos os que são justificados é Deus servido,
em seu único Filho Jesus Cristo e por ele, fazer participantes da graça da
adoção. Por essa graça eles são recebidos no número dos filhos de Deus e gozam
a liberdade e privilégios deles; têm sobre si o nome deles, recebem o Espírito
de adoção, têm acesso com confiança ao trono da graça e são habilitados, a
clamar "Abba, Pai"; são tratados com comiseração, protegidos,
providos e por ele corrigidos, como por um pai; nunca, porém, abandonados, mas
selados para o dia de redenção, e herdam as promessas, como herdeiros da eterna
salvação.
Ref. Ef. 1:5; Gal. 4:4-5; Rom. 8:17; João 1:
12; Jer. 14:9; II Cor. 6:18; Apoc. 3:12; Rom. 8:15; Ef. 3:12; Gal. 4:6; Sal.
10313; Prov. 14.26; Mat. 6:30, 32; Heb. 12:6; Lam. 3:31-32; Ef. 4:30; Heb.
6:12; I Ped. 1: 3-4; Heb. 1: 14.
CAPÍTULO XIII
DA SANTIFICAÇÃO
I. Os que são eficazmente chamados e
regenerados, tendo criado em si um novo coração e um novo espírito, são além
disso santificados real e pessoalmente, pela virtude da morte e ressurreição de
Cristo, pela sua palavra e pelo seu Espírito, que neles habita; o domínio do
corpo do pecado é neles todo destruído, as suas várias concupiscências são mais
é mais enfraquecidas e mortificadas, e eles são mais e mais vivificados e
fortalecidos em todas as graças salvadores, para a prática da verdadeira
santidade, sem a qual ninguém verá a Deus.
Ref. I Cor. 1:30; At. 20:32; Fil. 3:10; Rom.
6:5-6; João 17:17, 19; Ef. 5-26; II Tess. 2:13; Rom. 6:6, 14; Gal. 5:24; Col.,
1:10-11; Ef. 3:16-19; II Cor. 7:1; Col. 1:28, e 4:12; Heb. 12:14.
II. Esta santificação é no homem todo, porém
imperfeita nesta vida; ainda persistem em todas as partes dele restos da
corrupção, e daí nasce uma guerra contínua e irreconciliável - a carne lutando
contra o espírito e o espírito contra a carne.
Ref. I Tess. 5:23; I João 1:10; Fil. 3:12;
Gal. 5:17; I Ped.2:11.
III. Nesta guerra, embora prevaleçam por
algum tempo as corrupções que ficam, contudo, pelo contínuo socorro da eficácia
do santificador Espírito de Cristo, a parte regenerada do homem novo vence, e
assim os santos crescem em graça, aperfeiçoando a santidade no temor de Deus.
Ref. Rom. 7:23, e 6:14; I João 5:4; Ef.
4:15-16; II Ped. 3:18; II Cor. 3:18, e 7: 1.
CAPÍTULO XIV
DA FÉ SALVADORA
I. A graça da fé, pela qual os eleitos são
habilitados a crer para a salvação das suas almas, é a obra que o Espírito de
Cristo faz nos corações deles, e é ordinariamente operada pelo ministério da
palavra; por esse ministério, bem como pela administração dos sacramentos e
pela oração, ela é aumentada e fortalecida.
Ref. Heb. 10:39; II Cor. 4:13; Ef. 1:17-20, e
2:8; Mat. 28:19-20; Rom. 10:14, 17: I Cor. 1:21; I Ped. 2:2; Rom. 1:16-17; Luc.
22:19; João 6:54-56; Rom. 6:11; Luc. 17:5, e 22:32.
II. Por essa fé o cristão, segundo a
autoridade do mesmo Deus que fala em sua palavra, crê ser verdade tudo quanto
nela é revelado, e age de conformidade com aquilo que cada passagem contém em
particular, prestando obediência aos mandamentos, tremendo às ameaças e
abraçando as promessas de Deus para esta vida e para a futura; porém os
principais atos de fé salvadora são - aceitar e receber a Cristo e firmar-se só
nele para a justificação, santificação e vida eterna, isto em virtude do pacto
da graça.
Ref. João 6:42; I Tess. 2:13; I João 5:10;
At. 24:14; Mat. 22:37-40; Rom. 16:26; Isa. 66:2; Heb. 11:13; I Tim. 6:8;
João1:12; At. 16:31; Gal. 2:20; At. 15: 11.
III. Esta fé é de diferentes graus, é fraca
ou forte; pode ser muitas vezes e de muitos modos assaltada e enfraquecida, mas
sempre alcança a vitória, atingindo em muitos a uma perfeita segurança em
Cristo, que é não somente o autor, como também o consumador da fé.
Ref. Rom. 4:19-20; Mat. 6:30, e 5: 10; Ef.
6:16; I João 4:5; Heb. 6:11, 12, 10:22 e 12:2.
CAPÍTULO XV
DO ARREPENDIMENTO PARA A VIDA
I. O arrependimento para a vida é uma graça
evangélica, cuja doutrina deve ser tão pregada por todo o ministro do Evangelho
como a da fé em Cristo.
Ref. At. 11: 18; Luc. 24:47; Mar. 1: 15; At.
20:21.
II. Movido pelo reconhecimento e sentimento,
não só do perigo, mas também da impureza e odiosidade do pecado como contrários
à santa natureza e justa lei de Deus; apreendendo a misericórdia divina
manifestada em Cristo aos que são penitentes, o pecador pelo arrependimento, de
tal maneira sente e aborrece os seus pecados, que, deixando-os, se volta para
Deus, tencionando e procurando andar com ele em todos os caminhos dos seus
mandamentos.
Ref. Ezeq. 18:30-31 e 34:31; Sal.51:4; Jer.
31:18-19; II Cor.7:11; Sal. 119:6, 59, 106; Mat. 21:28-29.
III. Ainda que não devemos confiar no
arrependimento como sendo de algum modo uma satisfação pelo pecado ou em qualquer
sentido a causa do perdão dele, o que é ato da livre graça de Deus em Cristo,
contudo, ele é de tal modo necessário aos pecadores, que sem ele ninguém poderá
esperar o perdão,
Ref. Ez. 36:31-32 e 16:63; Os. 14:2, 4; Rom.
3:24; Ef. 1: 7; Luc. 13:3, S; At. 17:30,31.
IV. Como não há pecado tão pequeno que não
mereça a condenação, assim também não há pecado tão grande que possa trazer a
condenação sobre os que se arrependem verdadeiramente.
Ref. Rom. 6:23; Mat. 12:36; Isa. 55: 7; Rom.
8:1; Isa. 1: 18.,
V. Os homens não devem se contentar com um
arrependimento geral, mas é dever de todos procurar arrepender-se
particularmente de cada um dos seus pecados.
Ref. Sal. 19:13; Luc. 19:8; I Tim. 1:13, 15.
VI. Como todo o homem é obrigado a fazer a
Deus confissão particular das suas faltas, pedindo-lhe o perdão delas, fazendo
o que, achará misericórdia, se deixar os seus pecados, assim também aquele que
escandaliza a seu irmão ou a Igreja de Cristo, deve estar pronto, por uma
confissão particular ou pública do seu pecado e do pesar que por ele sente, a
declarar o seu arrependimento aos que estão ofendidos; isto feito, estes devem
reconciliar-se com ele e recebê-lo em amor.
Ref. Sal. 32:5-6; Prov. 28:13; I João 1:9;
Tiago 5: 16; Luc. 17:3-4; Josué 7:19; II Cor. 2:8.
CAPÍTULO XVI
DAS BOAS OBRAS
I. Boas obras são somente aquelas que Deus
ordena em sua santa palavra, não as que, sem autoridade dela, são aconselhadas
pelos homens movidos de um zelo cego ou sob qualquer outro pretexto de boa
intenção.
Ref. Miq. 6:8; Rom. 12:2; Heb. 13:21; Mat. I5:9;
Isa. 29:13; I Ped. 1:18; João 16:2; Rom. 10:2;1 Sam. I5:22; Deut. 10:12-13;
Col. 2:16, 17, 20-23.
II. Estas boas obras, feitas em obediência
aos mandamentos de Deus, são o fruto e as evidências de uma fé viva e
verdadeira; por elas os crentes manifestam a sua gratidão, robustecem a sua
confiança, edificam os seus irmãos, adornam a profissão do Evangelho, tapam a
boca aos adversários e glorificam a Deus, cuja feitura são, criados em Jesus
Cristo para isso mesmo, a fim de que, tendo o seu fruto em santificação, tenham
no fim a vida eterna.
Ref. Tiago 2:18, 22; Sal. 116-12-13; I Ped.
2:9; I João 2:3,5; II Ped. 1:5-10; II Cor. 9:2; Mat. 5:16; I Tim. 4:12; Tito
2:5, 912; I Tim. 6:1; I Pedro. 2:12, 15; Fil. 1,11; João 15:8; Ef. 2:10; Rom.
6:22.
III. O poder de fazer boas obras não é de
modo algum dos próprios fiéis, mas provém inteiramente do Espírito de Cristo. A
fim de que sejam para isso habilitados, é necessário, além da graça que já
receberam, uma influência positiva do mesmo Espírito Santo para obrar neles o
querer e o perfazer segundo o seu beneplácito; contudo, não devem por isso
tornar-se negligentes, como se não fossem obrigados a cumprir qualquer dever
senão quando movidos especialmente pelo Espírito, mas devem esforçar-se por
estimular a graça de Deus que há neles.
Ref. João I5:4-6; Luc. 11:13; Fil. 2:13, e
4:13; II Cor. 3:5; Ef. 3:16; Fil. 2:12; Heb. 6:11-12; Isa. 64:7.
IV. Os que alcançam pela sua obediência a
maior perfeição possível nesta vida estão tão longe de exceder as suas
obrigações e fazer mais do que Deus requer, que são deficientes em muitas
coisas que são obrigados a fazer.
Ref. Luc. 17: 10; Gal. 5: 17.
V. Não podemos, pelas nossas melhores obras,
merecer da mão de Deus perdão de pecado ou a vida eterna, porque é grande a
desproporção que há entre eles e a glória porvir, e infinita a distância que
vai de nós a Deus, a quem não podemos ser úteis por meio delas, nem satisfazer
pela dívida dos nossos pecados anteriores; e porque, como boas, procedem do
Espírito e, como nossas, são impuras e misturadas com tanta fraqueza e
imperfeição, que não podem suportar a severidade do juízo de Deus; assim,
depois que tivermos feito tudo quanto podemos, temos cumprido tão somente, o
nosso dever, e somos servos inúteis.
Ref. Rom. 3:20, e 4:2,4, 6; Ef. 2:8-9; Luc.
17:lO;Gal. 5:2223; Isa. 64-6; Sal. 143, 2, e 130:3.
VI. Não obstante o que havemos dito, sendo
aceitas por meio de Cristo as pessoas dos crentes, também são aceitas nele as
boas obras deles, não como se fossem, nesta vida, inteiramente puras e
irrepreensíveis à vista de Deus, mas porque Deus considerando-as em seu Filho,
é servido aceitar e recompensar aquilo que é sincero, embora seja acompanhado
de muitas fraquezas e imperfeições.
Ref. Ef. 1:6; I Ped. 2:5; Sal. 143:2; II Cor.
8:12; Heb. 6:10; Mat. 2,5:21, 23.
VII. As obras feitas pelos não regenerados,
embora sejam, quanto à matéria, coisas que Deus ordena, e úteis tanto a si
mesmos como aos outros, contudo, porque procedem de corações não purificados
pela fé, não são feitas devidamente - segundo a palavra; - nem para um fim
justo - a glória de Deus; são pecaminosas e não podem agradar a Deus, nem
preparar o homem para receber a graça de Deus; não obstante, o negligenciá-las
é ainda mais pecaminoso e ofensivo a Deus.
Ref. II Reis 10:30, 31; Fil. 1:15-16, 18;
Heb. 11:4, 6; Mar. 10:20-21; I Cor. 13:3; Isa. 1:12; Mat. 6:2, 5, 16; Ag. 2:14;
Amós 5:21-22; Mar. 7:6-7; Sal. 14:4; e 36:3; Mat. 2,5:41-45, e 23:23.
CAPÍTULO XVII
DA PERSEVERANÇA DOS SANTOS
I. Os que Deus aceitou em seu Bem-amado, os
que ele chamou eficazmente e santificou pelo seu Espírito, não podem decair do
estado da graça, nem total, nem finalmente; mas, com toda a certeza hão de
perseverar nesse estado até o fim e serão eternamente salvos.
Ref. Fil. 1: 6; João 10: 28-29; I Ped. 1:5,
9.
II. Esta perseverança dos santos não depende
do livre arbítrio deles, mas da imutabilidade do decreto da eleição, procedente
do livre e imutável amor de Deus Pai, da eficácia do mérito e intercessão de
Jesus Cristo, da permanência do Espírito e da semente de Deus neles e da
natureza do pacto da graça; de todas estas coisas vêm a sua certeza e
infalibilidade. ,
Ref. II Tim. 2:19; Jer. 31:3; João 17:11, 24;
Heb 7:25; Luc. 22:32; Rom. 8:33, 34, 38-39; João 14:16-17; I João 2:27 e 3:9;
Jer. 32:40; II Tess. 3:3; I João 2:19; João 10:28.
III. Eles, porém, pelas tentações de Satanás
e do mundo, pela força da corrupção neles restante e pela negligência dos meios
de preservação, podem cair em graves pecados e por algum tempo continuar neles;
incorrem assim no desagrado de Deus, entristecem o seu Santo Espírito e de
algum modo vêm a ser privados das suas graças e confortos; têm os seus corações
endurecidos e as suas consciências feridas; prejudicam e escandalizam os outros
e atraem sobre si juízos temporais.
Ref. Sal. 51:14; Mat. 26:70-74; II Sam. 12:9,
13; Isa. 64:7, 9; II Sam. 11:27; Ef. 6:30; Sal. 51:8, 10, 12; Apoc. 2:4; Isa.
63:17; Mar. 6:52; Sal. 32:3-4; II Sam. 12:14; Sal. 89:31-32; I Cor. 11:32.
CAPÍTULO XVIII
DA CERTEZA DA GRAÇA E DA SALVAÇÃO
I. Ainda que os hipócritas e os outros não
regenerados podem iludir-se vãmente com falsas esperanças e carnal presunção de
se acharem no favor de Deus e em estado de Salvação, esperança essa que
perecerá, contudo, os que verdadeiramente crêem no Senhor Jesus e o amam com
sinceridade, procurando andar diante dele em toda a boa consciência, podem,
nesta vida, certificar-se de se acharem em estado de graça e podem regozijar-se
na esperança da glória de Deus, nessa esperança que nunca os envergonhará.
Ref. Deut. 29:19; Miq. 3:11; João 5:41; Mat.
8:22-23; I João 2:3 e 5: 13; Rom. 5:2, S; II Tim. 4:7-8.
II. Esta certeza não é uma mera persuasão
conjectural e provável, fundada numa falsa esperança, mas uma infalível
segurança da fé, fundada na divina verdade das promessas de salvação, na
evidência interna daquelas graças a que são feitas essas promessas, no
testemunho do Espírito de adoção que testifica com os nossos espíritos sermos
nós filhos de Deus, no testemunho desse Espírito que é o penhor de nossa
herança e por quem somos selados para o dia da redenção.
Ref. Heb. 6:11, 17-19; I Ped. 1:4-5, 10-11; I
João 3:14; Rom.8:15-16; Ef.1: 13-14, e 4:30; II Cor.1:21-22.
III. Esta segurança infalível não pertence de
tal modo à essência da fé, que um verdadeiro crente, antes de possuí-la, não
tenha de esperar muito e lutar com muitas dificuldades; contudo, sendo pelo
Espírito habilitado a conhecer as coisas que lhe são livremente dadas por Deus,
ele pode alcançá-la sem revelação extraordinária, no devido uso dos meios
ordinários. É, pois, dever de todo o fiel fazer toda a diligência para tornar
certas a sua vocação e eleição, a fim de que por esse modo seja o seu coração
no Espírito Santo confirmado em paz e gozo, em amor e gratidão para com Deus,
em firmeza e alegria nos deveres da obediência que são os frutos próprios desta
segurança. Este privilégio está, pois, muito longe de predispor os homens à
negligência.
Ref. I João 5:13; I Cor. 2:12; I João 4:13;
Heb. 6:11-12; II Ped. 1:10; Rom. 5:1-2, 5. 14:17, e 15:13; Sal. 119:32; Rom.
6:1-2; Tito 2:11-12, 14; II Cor. 7: 1; Rom. 8: 1; 12; I João 1:6-7, e 3:2-3.
IV. Por diversos modos podem os crentes ter a
sua segurança de salvação abalada, diminuída e interrompida negligenciando a
conservação dela, caindo em algum pecado especial que fira a consciência e
entristeça o Espírito Santo, cedendo a fortes e repentinas tentações, retirando
Deus a luz do seu rosto e permitindo que andem em trevas e não tenham luz mesmo
os que temem; contudo, eles nunca ficam inteiramente privados daquela semente
de Deus e da vida da fé, daquele amor a Cristo e aos irmãos, daquela
sinceridade de coração e consciência do dever; dessas bênçãos a certeza de
salvação poderá, no tempo próprio, ser restaurada pela operação do Espírito, e
por meio delas eles são, no entanto, suportados para não caírem no desespero
absoluto.
Ref. Sal. 51: 8, 12, 14; Ef. 4:30; Sal. 77:
1-10, e 31:32; I João 3:9; Luc. 22:32; Miq. 7:7-9; Jer. 32:40; II Cor. 4:8-10.
CAPÍTULO XIX
DA LEI DE DEUS
I. Deus deu a Adão uma lei como um pacto de
obras. Por este pacto Deus o obrigou, bem como toda sua posteridade, a uma
obediência pessoal, inteira, exata e perpétua; prometeu-lhe a vida sob a
condição dele cumprir com a lei e o ameaçou com a morte no caso dele violá-la;
e dotou-o com o poder e capacidade de guardá-la.
Ref. Gen. 1:26, e 2:17; Ef. 4:24; Rom.
2:14-15, e 10:5, e 5:12, 19.
II. Essa lei, depois da queda do homem,
continuou a ser uma perfeita regra de justiça. Como tal, foi por Deus entregue
no monte Sinai em dez mandamentos e escrita em duas tábuas; os primeiros quatro
mandamentos ensinam os nossos deveres para com Deus e os outros seis os nossos
deveres para com o homem.
Ref. Tiago 1:25 e 2:8, 10; Deut. 5:32, e
10:4; Mat. 22:37-40.
III. Além dessa lei, geralmente chamada lei
moral, foi Deus servido dar ao seu povo de Israel, considerado uma igreja sob a
sua tutela, leis cerimoniais que contêm diversas ordenanças típicas. Essas
leis, que em parte se referem ao culto e prefiguram Cristo, as suas graças, os
seus atos, os seus sofrimentos e os seus benefícios, e em parte representam
várias instruções de deveres morais, estão todas abrogadas sob o Novo
Testamento.
Ref. Heb.10:1; Gal. 4:1-3; Col. 2:17; Exo.
12:14; I Cor.5:7; II Cor. 6:17; Col. 2:14, 16-17; Ef. 2:15-16.
IV. A esse mesmo povo, considerado como um
corpo político, Deus deu leis civis que terminaram com aquela nacionalidade, e
que agora não obrigam além do que exige a sua eqüidade geral.
Ref. Exo. 21, e 22:1-29; Gen. 49:10; Mat.
5:38-39.
V. A lei moral obriga para sempre a todos a
prestar-lhe obediência, tanto as pessoas justificadas como as outras, e isto
não somente quanto à matéria nela contida, mas também pelo respeito à
autoridade de Deus, o Criador, que a deu. Cristo, no Evangelho, não desfaz de
modo algum esta obrigação, antes a confirma.
Ref. I João 2:3-4, 7; Rom. 3:31; Tiago, 2:8,
10, 11; Rom-. 3:19- Mat. 5:18-19.
VI. Embora os verdadeiros crentes não estejam
debaixo da lei como pacto de obras, para serem por ela justificados ou condenados,
contudo, ela lhes serve de grande proveito, como aos outros; manifestando-lhes,
como regra de vida, a vontade de Deus, e o dever que eles têm, ela os dirige e
os obriga a andar segundo a retidão; descobre-lhes também as pecaminosas
poluções da sua natureza, dos seus corações e das suas vidas, de maneira que
eles, examinando-se por meio dela, alcançam mais profundas convicções do
pecado, maior humilhação por causa deles e maior aversão a eles, e ao mesmo
tempo lhes dá uma melhor apreciação da necessidade que têm de Cristo e da
perfeição da obediência dele. Ela é também de utilidade aos regenerados, a fim
de conter a sua corrupção, pois proíbe o pecado; as suas ameaças servem para
mostrar o que merecem os seus pecados e quais as aflições que por causa deles
devem esperar nesta vida, ainda que sejam livres da maldição ameaçada na lei.
Do mesmo modo as suas promessas mostram que Deus aprova a obediência deles e
que bênção podem esperar, obedecendo, ainda que essas bênçãos não lhes sejam
devidas pela lei considerada como pacto das obras - assim o fazer um homem o
bem ou o evitar ele o mal, porque a lei anima aquilo e proibe isto, não é prova
de estar ele debaixo da lei e não debaixo da graça.
Ref. Rom. 6:14,e 8:1; Gal. 3:13; Rom. 7:12,
22, 25; Sal.119:5; I Cor. 7:19; Rom.7:7, e 3:20; Tiago 1:23, 25; Rom. 7:9,14,
24; Gal. 3:24; Rom. 8:3-4; Rom. 7:25; Tiago 2:11; Esdras 9:13-14; Sal. 89:30-34
e 37:11, e 19:11; Gal. 2:16; Luc. 17:10; Rom. 6:12,-14; Heb. 12:28-29; I Ped.
3:8-12; Sal. 34:12, 16.
VII. Os supracitados usos da lei não são
contrários à graça do Evangelho, mas suavemente condizem com ela, pois o
Espírito de Cristo submete e habilita a vontade do homem a fazer livre e
alegremente aquilo que a vontade de Deus, revelada na lei, requer se faça.
Ref. Gal. 3:21; Ezeq. 36:27; Heb. 5:10.
CAPÍTULO XX
DA LIBERDADE CRISTÃ E DA LIBERDADE DE
CONSCIÊNCIA
I. A liberdade que Cristo, sob o Evangelho,
comprou para os crentes consiste em serem eles libertos do delito do pecado, da
ira condenatória de Deus, da maldição da lei moral e em serem livres do poder
deste mundo. do cativeiro de Satanás, do domínio do pecado, do mal das
aflições, do aguilhão da morte, da vitória da sepultura e da condenação eterna:
como também em terem livre acesso a Deus, em lhe prestarem obediência, não
movidos de um medo servil, mas de amor filial e espírito voluntário. Todos
estes privilégios eram comuns também aos crentes debaixo da lei, mas sob o
Evangelho, a liberdade dos cristãos está mais ampliada, achando-se eles isentos
do jugo da lei cerimonial a que estava sujeita a Igreja Judaica, e tendo maior
confiança de acesso ao trono da graça e mais abundantes comunicações do
Espírito de Deus, do que os crentes debaixo da lei ordinariamente alcançavam.
Ref. Tito 2:14; I Tess. 1: 10; Gal. 3:13; Rom.
8: 1; Gal. 1:4; At. 26:18; Rom. 6:14; I João 1:7; Sal. 119:71; Rom. 8:28; I
Cor, 15:54-57; Rom. 5l: 1-2; Ef. 2:18 e 3:12; Heb. 10: 19; Rom. 8:14. 15; Gal.
6:6; I João 6:18; Gal. 3:9, 14, e 5: 1; At. 15: 10; Heb. 4:14, 16, e 10: 19-22;
João 7:38-39; Rom. 5:5.
II. Só Deus é senhor da consciência, e ele
deixou livre das doutrinas e mandamentos humanos que em qualquer coisa, sejam
contrários à sua palavra ou que, em matéria de fé ou de culto estejam fora
dela. Assim crer tais doutrinas ou obedecer a tais mandamentos como coisa de
consciência é trair a verdadeira liberdade de consciência; e requerer para elas
fé implícita e obediência cega e absoluta é destruir a liberdade de consciência
e a mesma razão.
Ref. Rom. 14:4, 10; Tiago 4:12; At. 4:19, e
5:29; Mat. 28:8-10; Col. 2:20-23; Gal. 1: 10, e 2:4-5, e 4:9-10, e 5: 1;. Rom,
14:23; At. 17:11; João 4:22; Jer. 8:9; I Ped. 3: 15.
III. Aqueles que, sob o pretexto de liberdade
cristã, cometem qualquer pecado ou toleram qualquer concupiscência, destroem
por isso mesmo o fim da liberdade cristã; o fim da liberdade é que, sendo
livres das mãos dos nossos inimigos, sem medo sirvamos ao Senhor em santidade e
justiça, diante dele todos os dias da nossa vida.
Ref. Luc. 1:74-75; Rom. 6:15; Gal. 5:13; I
Ped. 2:16; II Ped. 3: 15.
IV. Visto que os poderes que Deus ordenou, e
a liberdade que Cristo comprou, não foram por Deus designados para destruir,
mas para que mutuamente nos apoiemos e preservemos uns aos outros, resistem à
ordenança de Deus os que, sob pretexto de liberdade cristã, se opõem a qualquer
poder legítimo, civil ou religioso, ou ao exercício dele. Se publicarem
opiniões ou mantiverem práticas contrárias à luz da natureza ou aos
reconhecidos princípios do Cristianismo concernentes à fé, ao culto ou ao
procedimento; se publicarem opiniões, ou mantiverem práticas contrárias ao
poder da piedade ou que, por sua própria natureza ou pelo modo de publicá-las e
mantê-las, são destrutivas da paz externa da Igreja e da ordem que Cristo
estabeleceu nela, podem, de justiça ser processados e visitados com as censuras
eclesiásticas.
Ref. I Ped. 2:13-16; Heb. 13:17; Mat.
18:15-17; II Tess.3:14; Tito3:10; I Cor. 5:11-13; Rom. 16:17; II Tess. 3:6.
CAPÍTULO XXI
DO CULTO RELIGIOSO E DO DOMINGO
I. A luz da natureza mostra que há um Deus
que tem domínio e soberania sobre tudo, que é bom e faz bem a todos, e que,
portanto, deve ser temido, amado, louvado, invocado, crido e servido de todo o
coração, de toda a alma e de toda a força; mas o modo aceitável de adorar o
verdadeiro Deus é instituído por ele mesmo e tão limitado pela sua vontade
revelada, que não deve ser adorado segundo as imaginações e invenções dos
homens ou sugestões de Satanás nem sob qualquer representação visível ou de
qualquer outro modo não prescrito nas Santas Escrituras.
Ref. Rom. 1:20; Sal. 119:68, e 31:33; At.
14:17; Deut. 12:32; Mat. I5:9, e 4:9, 10; João 4:3, 24; Exo. 20:4-6.
II. O culto religioso deve ser prestado a
Deus o Pai, o Filho e o Espírito Santo - e só a ele; não deve ser prestado nem
aos anjos, nem aos santos, nem a qualquer outra criatura; nem, depois da queda,
deve ser prestado a Deus pela mediação de qualquer outro senão Cristo.
Ref. João 5:23; Mat. 28:19; II Cor. 13:14;
Col. 2:18; Apoc 19:10; Rom. l:25; João 14:6; I Tim. 2:5; Ef. 2:18; Col. 3:17.
III. A oração com ações de graças, sendo uma
parte especial do culto religioso, é por Deus exigida de todos os homens; e,
para que seja aceita, deve ser feita em o nome do Filho, pelo auxílio do seu
Espírito, segundo a sua vontade, e isto com inteligência, reverência,
humildade, fervor, fé, amor e perseverança. Se for vocal, deve ser proferida em
uma língua conhecida dos circunstantes.
Ref. Fil. 4:6; I Tim. 2:1; Col. 4:2; Sal.
65:2, e 67:3; I Tess. 5:17-18; João 14:13-14; I Ped. 2:5; Rom. 8:26; Ef. 6:8;
João 5:14; Sal. 47:7; Heb. 12:28; Gen. 18:27; Tiago 5:16; Ef. 6:18; I Cor.
14:14.
IV. A oração deve ser feita por coisas
lícitas e por todas as classes de homens que existem atualmente ou que existirão
no futuro; mas não pelos mortos, nem por aqueles que se saiba terem cometido o
pecado para a morte.
Ref. Mat. 26:42; I Tim. 2:1-2; João 17:20; II
Sam. 7:29, e 12:21-23; Luc. 16:25-26; I João 5: 16.
V. A leitura das Escrituras com o temor
divino, a sã pregação da palavra e a consciente atenção a ela em obediência a
Deus, com inteligência, fé e reverência; o cantar salmos com graças no coração,
bem como a devida administração e digna recepção dos sacramentos instituídos
por Cristo - são partes do ordinário culto de Deus, além dos juramentos
religiosos; votos, jejuns solenes e ações de graças em ocasiões especiais, tudo
o que, em seus vários tempos e ocasiões próprias, deve ser usado de um modo
santo e religioso.
Ref. At. 15:21; Apoc. 1:3; II Tim. 4:2; Tiago
1:22: At. 10:33; Heb. 4:2; Col. 3:16; Ef. 5:19; Tiago 5:13; At. 16:25; Mat.
28:19; At. 2:42; Deut. 6:13; Ne. 10:29; Ec. 5:4-5; Joel 2:12; Mat. 9:15.
VI. Agora, sob o Evangelho, nem a oração, nem
qualquer outro ato do culto religioso é restrito a um certo lugar, nem se torna
mais aceito por causa do lugar em que se ofereça ou para o qual se dirija, mas,
Deus deve ser adorado em todo o lugar, em espírito e verdade - tanto em
famílias diariamente e em secreto, estando cada um sozinho, como também mais solenemente
em assembléias públicas, que não devem ser descuidosas, nem voluntariamente
desprezadas nem abandonadas, sempre que Deus, pela sua providência, proporciona
ocasião.
Ref. João 5:21; Mal. 1:11; I Tim. 2:8; João
4:23-24; Jer. 10: 25; Jó 1:5; II Sam. 6:18-20; Deut. 6:6-7; Mat. 6: 11, e 6:6;
Isa. 56:7; Heb. 10:25; Prov. 5:34; At. 2:42.
VII. Como é lei da natureza que, em geral,
uma devida proporção do tempo seja destinada ao culto de Deus, assim também em
sua palavra, por um preceito positivo, moral e perpétuo, preceito que obriga a
todos os homens em todos os séculos, Deus designou particularmente um dia em
sete para ser um sábado (descanso) santificado por Ele; desde o princípio do
mundo, até a ressurreição de Cristo, esse dia foi o último da semana; e desde a
ressurreição de Cristo foi mudado para o primeiro dia da semana, dia que na
Escritura é chamado Domingo, ou dia do Senhor, e que há de continuar até ao fim
do mundo como o sábado cristão.
Ref. Exo. 20:8-11; Gen. 2:3; I Cor. 16:1-2;
At. 20:7; Apoc.1:10; Mat. 5: 17-18.
VIII. Este sábado é santificado ao Senhor
quando os homens, tendo devidamente preparado os seus corações e de antemão
ordenado os seus negócios ordinários, não só guardam, durante todo o dia, um
santo descanso das suas próprias obras, palavras e pensamentos a respeito dos
seus empregos seculares e das suas recreações, mas também ocupam todo o tempo
em exercícios públicos e particulares de culto e nos deveres de necessidade e
misericórdia.
Ref. Exo. 16:23-26,29:30, e 31:15-16;
Isa.58:13.
CAPÍTULO XXII
DOS JURAMENTOS LEGAIS E DOS VOTOS
I. O Juramento, quando lícito, é uma parte do
culto religioso pelo qual o crente, em ocasiões necessárias e com toda a
solenidade, chama a Deus por testemunha do que assevera ou promete; pelo
juramento ele invoca a Deus para julgá-lo segundo a verdade ou falsidade do que
jura.
Ref. Deut. 10:20; Exo..20:7; Lev. 19:12; II
Cor. 1:23; II Cron. 6:22-23.
II. O único nome pelo qual se deve jurar é o
nome de Deus, nome que se pronunciará com todo o santo temor e reverência;
jurar, pois, falsa ou temerariamente por este glorioso e tremendo nome ou jurar
por qualquer outra coisa é pecaminoso e abominável, contudo, como em assuntos
de gravidade e importância o juramento é autorizado pela palavra de Deus, tanto
sob o Novo Testamento como sob o Velho, o juramento, sendo exigido pela
autoridade legal, deve ser prestado com referência a tais assuntos.
Ref. Deut. 6:13; Jer. 5:7; Mat. 5:34,.37;
Tiago 5:12; Heb. 6:16; I Reis 5:31; Esdras 10:5.
III. Quem vai prestar um juramento deve
considerar refletidamente a gravidade de ato tão solene e nada afirmar de cuja
verdade não esteja plenamente persuadido, obrigando-se tão somente por aquilo
que é justo e bom e que tem como tal, e por aquilo que pode e está resolvido a
cumprir. É, porém, pecado recusar prestar juramento concernente a qualquer
coisa justa e boa, sendo ele exigido pela autoridade legal.
Ref. Jer. 4:2; Gen. 24:2-3; 9; Ne.5: 12.
IV. O juramento deve ser prestado conforme o
sentido claro e óbvio das palavras, sem equívoco ou restrição mental. Não pode
obrigar a pecar, mas sendo prestado com referência a qualquer coisa não
pecaminosa, obriga ao cumprimento, mesmo com prejuízo de quem jura. Não deve
ser violado, ainda que feito a hereges ou infiéis.
Ref. Sal. 24:4, e 15:4; Ezeq. 17:16, 18.
V. O voto é da mesma natureza que o juramento
promissório; deve ser feito com o mesmo cuidado religioso e cumprindo com igual
fidelidade.
Ref. Isa. 19:21; Ec. 5:4-6; Sal. 66:13-14.
VI. O voto não deve ser feito a criatura
alguma, mas somente a Deus; para que seja aceitável, deve ser feito
voluntariamente, com fé e consciência de dever, em reconhecimento de
misericórdias recebidas ou para obter o que desejamos. Pelo voto obrigamo-nos
mais restritamente aos deveres necessários ou a outras coisas, até onde ou quando
elas conduzirem a esses deveres.
Ref. Sal. 76:1 1; Deut. 23:21, 23; Sal.
50:14.
VII. Ninguém deve prometer fazer coisa alguma
que seja proibida na palavra de Deus ou que embarace o cumprimento de qualquer
dever nela ordenado, nem o que não está em seu poder cumprir e para cuja
execução não tenha promessa ou poder de Deus; por isso os votos monásticos que
os papistas fazem do celibato perpétuo, pobreza voluntária e obediência
regular, em vez de serem graus de maior perfeição, não passam de laços supersticiosos
e iníquos com os quais nenhum cristão deve embaraçar-se.
Ref. At. 23:12; Mar. 6:26; I Cor. 2:9; Ef.
4:28; I Tess. 4:11-12; I Cor. 7:23.
CAPÍTULO XXIII
DO MAGISTRADO CIVIL
I. Deus, o Senhor Supremo e Rei de todo o
mundo, para a sua glória e para o bem público, constituiu sobre o povo
magistrados civis que lhe são sujeitos, e a este fim, os armou com o poder da
espada para defesa e incentivo dos bons e castigo dos malfeitores.
Ref. Rom. 13:1-4; I Ped. 2:13-14.
II. Aos cristãos é licito aceitar e exercer o
ofício de magistrado, sendo para ele chamado; e em sua administração, como
devem especialmente manter a piedade, a justiça, e a paz segundo as leis
salutares de cada Estado, eles, sob a dispensação do Novo Testamento e para
conseguir esse fim, podem licitamente fazer guerra, havendo ocasiões justas e
necessárias.
Ref. Prov. 8:15-16; Sal. 82:3-4; II Sam.
23:3; Luc. 3:14; Mat. 8:9-10; Rom. 13:4.
III. Os magistrados civis não podem tomar
sobre si a administração da palavra e dos sacramentos ou o poder das chaves do
Reino do Céu, nem de modo algum intervir em matéria de fé; contudo, como pais
solícitos, devem proteger a Igreja do nosso comum Senhor, sem dar preferência a
qualquer denominação cristã sobre as outras, para que todos os eclesiásticos
sem distinção gozem plena, livre e indisputada liberdade de cumprir todas as
partes das suas sagradas funções, sem violência ou perigo. Como Jesus Cristo
constituiu em sua Igreja um governo regular e uma disciplina, nenhuma lei de
qualquer Estado deve proibir, impedir ou embaraçar o seu devido exercício entre
os membros voluntários de qualquer denominação cristã, segundo a profissão e
crença de cada uma. E é dever dos magistrados civis proteger a pessoa e o bom
nome de cada um dos seus jurisdicionados, de modo que a ninguém seja permitido,
sob pretexto de religião ou de incredulidade, ofender, perseguir, maltratar ou
injuriar qualquer outra pessoa; e bem assim providenciar para que todas as assembléias
religiosas e eclesiásticas possam reunir-se sem ser perturbadas ou molestadas.
Ref. Heb. 5:4; II Cron. 26:18; Mat. 16:19; I
Cor. 4:1-2; João 15:36; At. 5:29; Ef. 4:11-12; Isa. 49:23; Sal. 105:15; 11
Sam.23:3.
IV. É dever do povo orar pelos magistrados,
honrar as suas pessoas, pagar-lhes tributos e outros impostos, obedecer às suas
ordens legais e sujeitar-se à sua autoridade, e tudo isto por amor da
consciência. Incredulidade ou indiferença de religião não anula a justa e legal
autoridade do magistrado, nem absolve o povo da obediência que lhe deve,
obediência de que não estão isentos os eclesiásticos. O papa não tem nenhum
poder ou jurisdição sobre os magistrados dentro dos domínios deles ou sobre
qualquer um do seu povo; e muito menos tem o poder de privá-los dos seus
domínios ou vidas, por julgá-los hereges ou sob qualquer outro pretexto.
Ref. I Tim. 2:1-3; II Ped. 2:17; Mat. 22:21;
Rom. 13:2-7, e 13:5; Tito 3:1; I Ped. 2:13-14, 16; Rom. 13:1; At. 25:10-11; II
Tim. 2:24; I Ped. 5:3.
CAPÍTULO XXIV
DO MATRIMÔNIO E DO DIVÓRCIO
I. O casamento deve ser entre um homem e uma
mulher; ao homem não é licito ter mais de urna mulher nem à mulher mais de um
marido, ao mesmo tempo.
Ref. Gen. 2:24; Mat. 19:4-6; Rom. 7:3.
II. O matrimônio foi ordenado para o mútuo
auxílio de marido e mulher, para a propagação da raça humana por uma sucessão
legítima e da Igreja por uma semente santa, e para impedir a impureza.
Ref. Gen. 2:18, e 9:1; Mal.2:15; I Cor.
7:2,9.
III. A todos os que são capazes de dar um
consentimento ajuizado, é lícito casar; mas é dever dos cristãos casar somente
no Senhor; portanto, os que professam a verdadeira religião reformada não devem
casar-se com infiéis, papistas ou outros idólatras; nem devem os piedosos
prender-se desigualmente pelo jugo do casamento aos que são notoriamente ímpios
em suas vidas ou que mantém heresias perniciosas.
Ref. Heb. 13:4; I Tim. 4:3; Gen.24:57-58; I
Cor. 7:39; II Cor. 6:14.
IV. Não devem casar-se as pessoas entre as
quais existem os graus de consagüinidade ou afinidade proibidos na palavra de
Deus, tais casamentos incestuosos jamais poderão tornar-se lícitos pelas leis
humanas ou consentimento das partes, de modo a poderem coabitar como marido e
mulher.
Ref. I Cor. 5:1; Mar. 6:18; Lev. 18:24, 28.
V. O adultério ou fornicação cometida depois
de um contrato, sendo descoberto antes do casamento, dá à parte inocente justo
motivo de dissolver o contrato; no caso de adultério depois do casamento, à
parte inocente é lícito propor divórcio, e depois de obter o divórcio casar com
outrem, como se a parte infiel fosse morta.
Ref. Mat., 1: 18-20, e 5:31-32, e 19:9.
VI. Posto que a corrupção do homem seja tal
que o incline a procurar argumentos a fim de indevidamente separar aqueles que
Deus uniu em matrimônio, contudo só é causa suficiente para dissolver os laços
do matrimônio o adultério ou uma deserção tão obstinada que não possa ser
remediada nem pela Igreja nem pelo magistrado civil; para a dissolução do
matrimônio é necessário haver um processo público e regular. não se devendo
deixar ao arbítrio e discreção das partes o decidirem seu próprio caso.
Ref. Mat. 19:6-8; I Cor. 7:15; Deut. 24:1-4;
Esdras 10:3.
CAPÍTULO XXV
DA IGREJA
I. A Igreja Católica ou Universal, que é
invisível, consta do número total dos eleitos que já foram, dos que agora são e
dos que ainda serão reunidos em um só corpo sob Cristo, seu cabeça; ela é a
esposa, o corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todas as coisas.
Ref. Ef. 1: 10, 22-23; Col. 1: 18.
II. A Igreja Visível, que também é católica
ou universal sob o Evangelho (não sendo restrita a uma nação, como antes sob a
Lei) consta de todos aqueles que pelo mundo inteiro professam a verdadeira
religião, juntamente com seus filhos; é o Reino do Senhor Jesus, a casa e
família de Deus, fora da qual não há possibilidade ordinária de salvação.
Ref. I Cor. 1:2, e 12:12-13,; Sal .2:8; I
Cor. 7 :14; At. 2:39; Gen. 17:7; Rom. 9:16; Mat. 13:3 Col. 1:13; Ef. 2:19, e
3:15; Mat. 10:32-33; At. 2:47.
III. A esta Igreja Católica Visível Cristo
deu o ministério, os oráculos e as ordenanças de Deus, para congregamento e
aperfeiçoamento dos santos nesta vida, até o fim do mundo, e pela sua própria
presença e pelo seu Espírito, os torna eficazes para esse fim, segundo a sua
promessa.
Ref. Éf. 4:11-13; Isa. 59:21; Mat. 28:19-20.
IV. Esta Igreja Católica tem sido ora mais,
ora menos visível. As igrejas particulares, que são membros dela, são mais ou
menos puras conforme neles é, com mais ou menos pureza, ensinado e abraçado o
Evangelho, administradas as ordenanças e celebrado o culto público.
Ref. Rom. 11:3-4; At. 2:41-42; I Cor. 5:6-7.
V. As igrejas mais puras debaixo do céu estão
sujeitas à mistura e ao erro; algumas têm degenerado ao ponto de não serem mais
igrejas de Cristo, mas sinagogas de Satanás; não obstante, haverá sempre sobre
a terra uma igreja para adorar a Deus segundo a vontade dele mesmo.
Ref. I Cor. 1:2, e 13:12; Mat. 13:24-30, 47;
Rom. 11.20-22; Apoc. 2:9; Mat. 16:18.
VI. Não há outro Cabeça da Igreja senão o
Senhor Jesus Cristo; em sentido algum pode ser o Papa de Roma o cabeça dela,
mas ele é aquele anticristo, aquele homem do pecado e filho da perdição que se
exalta na Igreja contra Cristo e contra tudo o que se chama Deus.
Ref. Col. 1:18; Ef. 1:22; Mat. 23:8-10; I
Ped. 5:2-4; II Tess. 2:3-4.
CAPÍTULO XXVI
DA COMUNHÃO DOS SANTOS
I. Todos os santos que pelo seu Espírito e
pela fé estão unidos a Jesus Cristo, seu Cabeça, têm com Ele comunhão nas suas
graças, nos seus sofrimentos, na sua morte, na sua ressurreição e na sua
glória, e, estando unidos uns aos outros no amor, participam dos mesmos dons e
graças e estão obrigados ao cumprimento dos deveres públicos e particulares que
contribuem para o seu mútuo proveito, tanto no homem interior como no exterior.
Ref. I João 1:3; Ef. 3:16-17; João 1:16; Fil.
3:10; Rom. 6:56, e8:17; Ef. 4:15-16; I Tess.5:11, 14; Gal. 6:10.
II. Os santos são, pela sua profissão,
obrigados a manter uma santa sociedade e comunhão no culto de Deus e na
observância de outros serviços espirituais que tendam à sua mútua edificação,
bem como a socorrer uns aos outros em coisas materiais, segundo as suas
respectivas necessidades e meios; esta comunhão, conforme Deus oferecer
ocasião, deve estender-se a todos aqueles que em qualquer lugar, invocam o nome
do Senhor Jesus.
Ref. Heb.10:24-25; At.2:42,46; I João3:17;
At. 11:29-30.
III. Esta comunhão que os santos têm com
Cristo não os torna de modo algum participantes da substância da sua Divindade,
nem iguais a Cristo em qualquer respeito; afirmar uma ou outra coisa, é ímpio e
blasfemo. A sua comunhão de uns com os outros não destrói, nem de modo algum
enfraquece o título ou domínio que cada homem tem sobre os seus bens e
possessões.
Ref. Col. 1:18; I Cor. 8:6; I Tim. 6:15-16;
At. 5:4.
CAPÍTULO XXVII
DOS SACRAMENTOS
I. Os sacramentos são santos sinais e selos
do pacto da graça, imediatamente instituídos por Deus para representar Cristo e
os seus benefícios e confirmar o nosso interesse nele, bem como para fazer uma
diferença visível entre os que pertencem à Igreja e o resto do mundo, e
solenemente obrigá-los ao serviço de Deus em Cristo, segundo a sua palavra.
Ref. Ron. 6:11; Gen. 17:7-10; Mat. 28:19; I
Cor. ll:23, e 10:16, e 11:25-26; Exo. 12:48; I Cor. 10:21; Rom. 6:3-4; I Cor.
10:2-16.
II. Em todo o sacramento há uma relação
espiritual ou união sacramental entre o sinal e a coisa significada, e por isso
os nomes e efeitos de um são atribuídos ao outro.
Ref. Gen. 17:10; Mat. 26:27-28; Tito 3:5.
III. A graça significada nos sacramentos ou
por meio deles, quando devidamente usados, não é conferida por qualquer, poder
neles existentes; nem a eficácia deles depende da piedade ou intenção de quem
os administra, mas da obra do Espírito e da palavra da instituição, a qual,
juntamente com o preceito que autoriza o uso deles, contém uma promessa de
benefício aos que dignamente o recebem.
Ref. Rom. 2:28-29; I Ped. 3:21; Mat. 3:11; I
Cor. 12:13; Luc. 22:19-20; I Cor. 11:26.
IV. Há só dois sacramentos ordenados por
Cristo, nosso Senhor, no Evangelho - O Batismo e a Santa Ceia; nenhum destes
sacramentos deve ser administrado senão pelos ministros da palavra legalmente
ordenados.
Ref. Mat. 28:19; I Cor. 11: 20, 23-34; Heb.
5:4.
V . Os sacramentos do Velho Testamento,
quanto às coisas espirituais por eles significados e representados, eram em
substância os mesmos que do Novo Testamento.
Ref. I Cor. 10: 1-4.
CAPÍTULO XXVIII
DO BATISMO
I. O batismo é um sacramento do Novo
Testamento, instituído por Jesus Cristo, não só para solenemente admitir na
Igreja a pessoa batizada, mas também para servir-lhe de sinal e selo do pacto
da graça, de sua união com Cristo, da regeneração, da remissão dos pecados e
também da sua consagração a Deus por Jesus Cristo a fim de andar em novidade de
vida. Este sacramento, segundo a ordenação de Cristo, há de continuar em sua
Igreja até ao fim do mundo.
Ref. Mat. 28:19; I,Cor. 12:13; Rom. 4:11;
Col. 2:11-12; Gal. 3:27; Tito 3:5; Mar. 1:4; At. 2:38; Rom. 6:3-4; Mat.
28:19-20.
II. O elemento exterior usado neste
sacramento, é água com a qual um ministro do Evangelho, legalmente ordenado,
deve batizar o candidato em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
Ref. At. 10-47, e 8:36-38; Mat. 28:19.
III. Não é necessário imergir na água o
candidato, mas o batismo é devidamente administrado por efusão ou aspersão.
Ref. At. 2:41, e 10:46-47, e 16:33; I Cor.
10:2.
IV. Não só os que professam a sua fé em
Cristo e obediência a Ele, mas os filhos de pais crentes (embora só um deles o
seja) devem ser batizados.
Ref. At. 9:18; Gen. 17:7, 9; Gal. 3:9, 14;
Rom. 4:11-12; At. 2:38-39.
V. Posto que seja grande pecado desprezar ou
negligenciar esta ordenança, contudo, a graça e a salvação não se acham tão
inseparavelmente ligadas com ela, que sem ela ninguém possa ser regenerado e
salvo os que sejam indubitavelmente regenerados todos os que são batizados.
Ref. Luc.7:30; Exo. 4:24-26; Deut. 28:9; Rom.
4:11; At. 8:13, 23.
VI. A eficácia do batismo não se limita ao
momento em que é administrado; contudo, pelo devido uso desta ordenança, a
graça prometida é não somente oferecida, mas realmente manifestada e conferida
pelo Espírito Santo àqueles a quem ele pertence, adultos ou crianças, segundo o
conselho da vontade de Deus, em seu tempo apropriado.
Ref. João 3:5, 8; Gal. 3:27; Ef. 5:25-26.
VII. O sacramento do batismo deve ser
administrado uma só vez a uma mesma pessoa.
R.ef. Tito 3:5.
CAPÍTULO XXIX
DA CEIA DO SENHOR
I . Na noite em que foi traído, nosso Senhor
Jesus instituiu o sacramento do seu corpo e sangue, chamado Ceia do Senhor,
para ser observado em sua Igreja até ao Fim do mundo, a fim de lembrar
perpetuamente o sacrifício que em sua morte Ele fez de si mesmo; selar aos
verdadeiros crentes os benefícios provenientes. desse sacrifício para o seu
nutrimento espiritual e crescimento nele e a sua obrigação de cumprir todos os
seus deveres para com Ele; e ser um vínculo e penhor da sua comunhão com Ele e
de uns com os outros, como membros do seu corpo místico.
Ref. I Cor. 11:23-26, e 10: 16-17, 21, e
12:13.
II. Neste sacramento não se oferece Cristo a
seu Pai, nem de modo algum se faz um sacrifício pela remissão dos pecados dos vivos
ou dos mortos, mas se faz uma comemoração daquele único sacrifício que Ele fez
de si mesmo na cruz, uma só vez, e por meio dele uma oblação de todo o louvor a
Deus; assim o chamado sacrifício papal da missa é sobremodo ofensivo ao único
sacrifício de Cristo, o qual é a única propiciação por todos os pecados dos
eleitos.
Ref. Heb. 9:22, 25-26, 28; Mat. 26:26-27;
Luc. 22:19-20; Heb. 7:23-24, 27, e 10:11-12, 14, 18.
III. Nesta ordenança o Senhor Jesus
constituiu seus ministros para declarar ao povo a sua palavra de instituição,
orar, abençoar os elementos, pão e vinho, e assim separá-los do comum para um
uso sagrado, tomar e partir o pão, tomar o cálice dele participando também e
dar ambos os elementos aos comungantes e tão somente aos que se acharem presentes
na congregação.
Ref. Mar. 14:22-24; At. 20:7; I Cor. 11:20.
IV. A missa ou recepção do sacramento por um
só sacerdote ou por uma só pessoa, bem como a negação do cálice ao povo, a
adoração dos elementos, a elevação ou procissão deles para serem adorados e a
sua conservação para qualquer uso religioso, são coisas contrárias à natureza
deste sacramento e à instituição de Cristo.
Ref. I Tim.1:3-4; I Cor. 11:25-29; Mat. 15:9.
V. Os elementos exteriores deste sacramento,
devidamente consagrados aos usos ordenados por Cristo, têm tal relação com
Cristo Crucificado, que verdadeira, mas só sacramentalmente, são às vezes
chamados pelos nomes das coisas que representam, a saber, o corpo e o sangue de
Cristo; porém em substância e natureza conservam-se verdadeira e somente pão e
vinho, como eram antes.
Ref. Mat. 26:26-28; I Cor. 11:26-28.
VI. A doutrina geralmente chamada
transubstanciação, que ensina a mudança da substância do pão e do vinho na
substância do corpo e do sangue de Cristo, mediante a consagração de um
sacerdote ou por qualquer outro meio, é contrária, não só às Escrituras, mas
também ao senso comum e à razão, destrói a natureza do sacramento e tem sido a
causa de muitas superstições e até de crassa idolatria.
Ref. At. 3:21; I Cor. 11:24-26; Luc. 24:6,
39.
VII. Os que comungam dignamente, participando
exteriormente dos elementos visíveis deste sacramento, também recebem
intimamente, pela fé, a Cristo Crucificado e todos os benefícios da sua morte,
e nele se alimentam, não carnal ou corporalmente, mas real, verdadeira e
espiritualmente, não estando o corpo e o sangue de Cristo, corporal ou
carnalmente nos elementos pão e vinho, nem com eles ou sob eles, mas espiritual
e realmente presentes à fé dos crentes nessa ordenança, como estão os próprios
elementos aos seus sentidos corporais.
Ref. I Cor. 11:28, e 10:16.
VIII. Ainda que os ignorantes e os ímpios
recebam os elementos visíveis deste sacramento, não recebem a coisa por eles
significada, mas, pela sua indigna participação, tornam-se réus do corpo e do
sangue do Senhor para a sua própria condenação; portanto eles como são indignos
de gozar comunhão com o Senhor, são também indignos da sua mesa, e não podem,
sem grande pecado contra Cristo, participar destes santos mistérios nem a eles
ser admitidos, enquanto permanecerem nesse estado.
Ref. I Cor. 11:27, 29, e 10:21; II Cor.
6:14-16; I Cor. 5:6-7, 13; II Tess. 3:6, 14-15; Mat. 7:6.
CAPÍTULO XXX
DAS CENSURAS ECLESIÁSTICAS
I. O Senhor Jesus, como Rei e Cabeça da sua
Igreja, nela instituiu um governo nas mãos dos oficiais dela; governo distinto
da magistratura civil.
Ref. Isa. 9:6-7; I Tim. 5:17; I Tess. 5:12;
At. 20:17, 28; I Cor. 12:28.
II. A esses oficiais estão entregues as
chaves do Reino do Céu. Em virtude disso eles têm respectivamente o poder de
reter ou remitir pecados; fechar esse reino a impenitentes, tanto pela palavra
como pelas censuras; abri-lo aos pecadores penitentes, pelo ministério do
Evangelho e pela absolvição das censuras, quando as circunstâncias o exigirem.
Ref.Mat.l6:19,e18:17-18;João
20:21-23;IICor.2:6-8.
III. As censuras eclesiásticas são
necessárias para chamar e ganhar para Cristo os irmãos ofensores para impedir
que outros pratiquem ofensas semelhantes, para purgar o velho fermento que
poderia corromper a massa inteira, para vindicar a honra de Cristo e a santa
profissão do Evangelho e para evitar a ira de Deus, a qual com justiça poderia
cair sobre a Igreja, se ela permitisse que o pacto divino e os seios dele
fossem profanados por ofensores notórios e obstinados.
Ref. I Cor. S; I Tim. 5:20; e 1:20; Judas 23.
IV. Para melhor conseguir estes fins, os
oficiais da Igreja devem proceder na seguinte ordem, segundo a natureza do
crime e demérito da pessoa: repreensão, suspensão do sacramento da Ceia do
Senhor e exclusão da Igreja.
Ref. Mat. 18:17; ITess.5:12; II Tess.
3:6,14-15; I Cor. 5:4-5;13.
CAPÍTULO XXXI
DOS SÍNODOS E CONCÍLIOS
I. Para melhor governo e maior edificação da
Igreja, deverá haver as assembléias comumente chamadas sínodos ou concílios. Em
virtude do seu cargo e do poder que Cristo lhes deu para edificação e não para
destruição, pertence aos pastores e outros presbíteros das igrejas particulares
criar tais assembléias e reunir-se nelas quantas vezes julgarem útil para o bem
da Igreja.
Ref. At.15:2, 4, 6 e 20:17, 28; Apoc. 2:1-6.
II. Aos sínodos e concílios compete decidir
ministerialmente controvérsias quanto à fé e casos de consciência, determinar
regras e disposições para a melhor direção do culto público de Deus e governo
da sua Igreja, receber queixas em caso de má administração e autoritativamente
decidi-las. Os seus decretos e decisões, sendo consoantes com a palavra de
Deus, devem ser recebidas com reverência e submissão, não só pelo seu acordo
com a palavra, mas também pela autoridade pela qual são feitos, visto que essa
autoridade é uma ordenação de Deus, designada para isso em sua palavra.
Ref. At. 16:4, e 15:27-31.
III. Todos os sínodos e concílios, desde os
tempos dos apóstolos, quer gerais quer particulares, podem errar, e muitos têm
errado; eles, portanto, não devem constituir regra de fé e prática, mas podem
ser usados como auxílio em uma e outra coisa.
Ref. At. 17:11; I Cor. 2:5; II Cor. 1:24.
IV. Os sínodos e concílios não devem
discutir, nem determinar coisa alguma que não seja eclesiástica; não devem
imiscuir-se nos negócios civis do Estado, a não ser por humilde petição em
casos extraordinários ou por conselhos em satisfação de consciência, se o
magistrado civil os convidar a fazê-lo.
Ref. Luc. 12:13-14; João 18:36; Mat. 11:21.
CAPÍTULO XXXII
DO ESTADO DO HOMEM DEPOIS DA MORTE E DA
RESSURREIÇÃO DOS MORTOS
I. Os corpos dos homens, depois da morte,
convertem-se em pó e vêm a corrupção; mas as suas almas (que nem morrem nem
dormem), tendo uma substância imortal, voltam imediatamente para Deus que as
deu. As almas dos justos, sendo então aperfeiçoadas na santidade, são recebidas
no mais alto dos céus onde vêm a face de Deus em luz e glória, esperando a
plena redenção dos seus corpos; e as almas dos ímpios são lançadas no inferno,
onde ficarão, em tormentos e em trevas espessas, reservadas para o juízo do
grande dia final. Além destes dois lugares destinados às almas separadas de
seus respectivos corpos as Escrituras não reconhecem nenhum outro lugar.
Ref. Gen. 3:19; At. 13:36; Luc. 23:43; Ec.
12:7; Apoc. 7:4, 15; II Cor. 5: 1, 8; Fil. 1:23; At. 3:21; Ef. 4:10; Rom. 5:23;
Luc. 16:25-24.
II. No último dia, os que estiverem vivos não
morrerão, mas serão mudados; todos os mortos serão ressuscitados com os seus
mesmos corpos e não outros, posto que com qualidades diferentes, e ficarão
reunidos às suas almas para sempre.
Ref. I Tess. 4:17; I Cor. 15:51-52, e
15:42-44.
III. Os corpos dos injustos serão pelo poder
de Cristo ressuscitados para a desonra, os corpos dos justos serão pelo seu
Espírito ressuscitados para a honra e para serem semelhantes ao próprio corpo
glorioso dele.
Ref. At. 24:l5; João5:28-29; Fil. 3:21.
CAPÍTULO XXXIII
DO JUIZO FINAL
I. Deus já determinou um dia em que, segundo
a justiça, há de julgar o mundo por Jesus Cristo, a quem foram pelo Pai
entregues o poder e o juízo. Nesse dia não somente serão julgados os anjos
apóstatas, mas também todas as pessoas que tiverem vivido sobre a terra
comparecerão ante o tribunal de Cristo, a fim de darem conta dos seus
pensamentos, palavras e obras, e receberem o galardão segundo o que tiverem
feito, bom ou mau, estando no corpo.
Ref. At. 17:31 ; João 5:22, 27; Judas 6; II
Ped. 2:4; II Cor.5:10; Ec. 12:14; Rom. 2:16, e 14:10, 12; Mat. 12:36-37.
II. O fim que Deus tem em vista, determinando
esse dia, é manifestar a sua glória - a glória da sua misericórdia na salvação
dos eleitos e a glória da sua justiça na condenação dos réprobos, que são
injustos e desobedientes. Os justos irão então para a vida eterna e receberão
aquela plenitude de gozo e alegria procedente da presença do Senhor; mas os
ímpios, que não conhecem a Deus nem obedecem ao Evangelho de Jesus Cristo,
serão lançados nos eternos tormentos e punidos com a destruição eterna
proveniente da presença do Senhor e da glória do seu poder.
Ref. Rom. 9:23; Mat. 2.5:21; Rom. 2:5-6; II Tess. 1:7-8; Mat. 25:31-34;
At. 3:19.
III. Assim como Cristo, para afastar os
homens do pecado e para maior consolação dos justos nas suas adversidades, quer
que estejamos firmemente convencidos de que haverá um dia de juízo, assim
também quer que esse dia não seja conhecido dos homens, a fim de que eles se
despojem de toda confiança carnal, sejam sempre vigilantes, não sabendo a que
hora virá o Senhor, e estejam prontos para dizer - "Vem logo, Senhor
Jesus". Amém.
Ref. II Ped. 3:11, 14; II Cor. 5:11; II Tess.
1:5-7; Luc. 21:27-28; Mat. 24:36, 42-44; Mar. 13:35-37; Luc. 12:35-36; Apoc.
22:20.
PREFÁCIO AOS NOVOS CAPÍTULOS
Considerando a conveniência de exprimir
claramente a doutrina da Igreja a respeito do Espírito Santo, das Missões e do
amor de Deus para com todos os homens, foram acrescentados os seguintes
capítulos:
CAPÍTULO XXXIV
DO ESPÍRITO SANTO
I. O Espírito Santo é a terceira pessoa da
Trindade, procedente do Pai e do Filho, da mesma substância e igual em poder e
glória, e deve-se crer nele, amá-Lo, obedecê-Lo e adorá-Lo, juntamente com o
Pai e o Filho, por todos os séculos.
Ref. Mt.3:16-17; Mt.28:19; II Cor. 13:13;
Jo.15:26 e 16:13,14 e 17:24.
II. É Ele o Senhor e Doador da vida, presente
em toda parte na natureza, e é a fonte de todos os pensamentos bons, desejos
puros e conselhos santos que se encontram nos homens. Por Ele os Profetas foram
levados a falar a Palavra de Deus, e todos os autores da Sagrada Escritura
foram inspirados a registrar de um modo infalível a disposição e a vontade de
Deus. A dispensação do Evangelho foi-lhe entregue de um modo especial. O
Espírito Santo prepara o caminho para o Evangelho, acompanhado com seu poder
persuasivo e recomenda a sua mensagem à razão e à consciência dos homens, de
maneira que os que rejeitam a oferta misericordiosa, ficam não somente sem
desculpa, mas também culpados de terem resistido ao Espírito Santo.
Ref. Rom. 8:2; Gn.1:2; Sl.139:7; Jo.16:13,14;
II Pe. 1:19-21; Jo. 14:16 e 16:7-11; At.7:51-53.
III. O Espírito Santo, o qual o Pai
prontamente dá a todos os que Lho pedirem, é o único agente eficaz na aplicação
da redenção. Ele convence os homens do pecado, leva-os ao arrependimento,
regenera-os pela sua graça e persuade-os e habilita-os a abraçar a Jesus Cristo
pela fé. Ele une todos os crentes a Cristo, habita neles como seu Consolador e
Santificador, dá-lhes o espírito de adoção e de oração, e cumpre neles todos os
graciosos ofícios pelos quais eles são santificados e selados até o dia da
redenção.
Ref. Lc.11:13; At.1:5; At.5:32; Jo.16:8; At.2:37,38; Tt.3:4-7;
At.8:29,37; I Cor.12:13 e 3:16,17; Rom.8:15; Ef.4:30.
IV Pela presença do Espírito Santo nos seus
corações, todos os crentes, estando intimamente unidos a Cristo, a Cabeça,
estão assim unidos uns aos outros na Igreja, que é o seu corpo. Ele chama e
unge os ministros para o seu santo ofício, prepara todos os outros oficiais na
Igreja para o seu trabalho especial e concede vários dons e graças aos demais
membros. Ele torna eficazes a Palavra e as ordenanças do Evangelho. Por Ele a
Igreja será preservada e aumentada até cobrir a face da terra, será purificada
e, afinal, tornada perfeitamente santa na presença de Deus.
Ref. Ef.1:22,23; At.20:28; I Cor.12:11; Ef.5:27.
CAPÍTULO XXXV
DO AMOR DE DEUS E DAS MISSÕES
I Em seu amor infinito e perfeito - e tendo
provido no pacto da graça, pela mediação e sacrifício do Senhor Jesus Cristo,
um caminho de vida e salvação suficiente e adaptado a toda a raça humana
decaída como está - Deus determinou que a todos os homens esta salvação de
graça seja anunciada no Evangelho.
Ref. Jo.3:16; I Tim.4:10; Mc.16:15
II. No Evangelho Deus proclama o seu amor ao
mundo, revela clara e plenamente o único caminho da salvação, assegura vida
eterna a todos quantos verdadeiramente se arrependem e crêem em Cristo, e
ordena que esta salvação seja anunciada a todos os homens, a fim de que
conheçam a misericórdia oferecida e, pela ação do Seu Espírito, a aceitem como
dádiva da graça.
Ref. Jo.3:16 e 14:6; At.4:12; I Jo.5:12;
Mc.16:15; Ef.2:4,8,9.
III. As Escrituras nos asseguram que os que
ouvem o Evangelho e aceitam imediatamente os seus misericordiosos
oferecimentos, gozam os eternos benefícios da salvação: porém, os que continuam
impenitentes e incrédulos agravam a sua falta e são os únicos culpados pela sua
perdição.
Ref. Jo.5:24 e 3:18.
IV. Visto não haver outro caminho de salvação
a não ser o revelado no Evangelho e visto que, conforme o usual método de graça
divinamente estabelecido, a fé vem pelo ouvido que atende à Palavra de Deus,
Cristo comissionou a sua Igreja para ir por todo o mundo e ensinar a todas as
nações. Todos os crentes, portanto, têm por obrigação sustentar as ordenanças
religiosas onde já estiverem estabelecidas e contribuir, por meio de suas
orações e ofertas e por seus esforços, para a dilatação do Reino de Cristo por
todo o mundo.
Ref. Jo.14:6; At.4:12; Rom.10:17; Mt.28:19,20; I Cor.4:2; II
Cor.9:6,7,10.
NOTA HISTÓRICA
Desde Julho de 1643 até Fevereiro de 1649,
reuniu-se em uma das salas da Abadia de Westminster, na cidade de Londres, o
Concílio conhecido na história pelo nome de Assembléia de Westminster. Este
Concílio foi convocado pelo Parlamento Inglês, para preparar uma nova base de
doutrina e forma de culto e governo eclesiástico que devia servir para a Igreja
do Estado nos Três Reinos.
Em um sentido, a ocasião não foi propícia. Já
começara a luta entre o Parlamento e o rei Carlos I, e durante as sessões do
Concílio o país foi agitado pela revolução em que o rei perdeu a vida e
Cromwell tomou as rédeas do governo. Em outro sentido, a ocasião foi oportuna.
Os teólogos mais eruditos daquele tempo tomaram parte nos trabalhos da
Assembléia. A Confissão de Fé e os Catecismos foram discutidos ponto por ponto,
aproveitando-se o que havia de melhor nas Confissões já formuladas, e o
resultado foi a organização de um sistema de doutrina cristã baseado na
Escritura e notável pela sua coerência em todas as suas partes.
O Parlamento não conseguiu o que almejava
quando nomeou os membros do Concílio. A Confissão de Pé foi aprovada, mas
apenas poucos meses a Igreja Presbiteriana foi nominalmente a Igreja do Estado
na Inglaterra.
A Confissão de Westminster foi a última das
confissões formuladas durante o período da Reforma. Até agora tem havido na
história da Igreja somente dois períodos que se distinguiram pelo número de
credos ou confissões que neles foram produzidos. O primeiro pertence aos
séculos IV e V, que produziram os credos formulados pelos concílios ecumênicos
de Nicéia, Constantinopla, Éfeso e Calcedônia; o segundo sincroniza com o
período da Reforma. Os símbolos do primeiro período chamam-se
"credos", os do segundo "confissões". Uma comparação entre o
Credo dos Apóstolos, por exemplo, e a Confissão de Westminster mostrará a
diferença. O Credo é a fórmula de uma fé pessoal e principia com a palavra
"Creio". A Confissão de Fé de Westminster segue o plano adotado no
tempo da Reforma, é mais elaborada e apresenta um pequeno sistema de teologia.
Esse sistema é conhecido pelo nome de Calvinismo, por ser o que João Calvino
ensinou, e foi aceito pelas Igrejas Reformadas, que diferiam das Luteranas.
A utilidade de uma Confissão de Fé
evidenciou-se na história das Igrejas Reformadas ou Presbiterianas. Sendo a
Confissão de Westminster a mais perfeita que elas têm podido formular, serve de
laço de união e estreita as relações entre os presbiterianos de todo o mundo.
Os Catecismos especialmente têm servido para doutrinar a mocidade nas puras
verdades do Evangelho.
No tempo em que se reuniu a Assembléia, e por
muito tempo antes, todos sustentavam a necessidade da união da Igreja e do
Estado, e originalmente havia no Capítulo que trata do Magistrado Civil uma
seção ensinando essa necessidade.
Ao formar-se a Igreja Presbiteriana nos
Estados Unidos da América do Norte, em 1788, essa seção foi omitida, pois ali
quase todos entendiam que a Igreja devia estar livre de toda união com o
Estado, sendo ambos livres e independentes na esfera que lhes pertence.
Em 1887, ou quase cem anos mais tarde, a
Igreja geralmente chamada Igreja do Norte eliminou a última parte da Seção IV
do Capítulo XXIV, que dizia:
"O viúvo não pode desposar nenhuma
parente carnal de sua mulher nos graus de parentesco em que não possa desposar
uma das suas próprias parentes, nem a viúva poderá casar-se com um parente
carnal de seu marido nos graus de parentesco em que não possa casar-se com um
de seus próprios parentes".
O Sínodo do Brasil organizado em 1888, fez
igual eliminação.
No ano 1903 a mesma Igreja do Norte dos
Estados Unidos fez outras emendas mais importantes que, por serem de interesse
geral, ficam aqui registradas. As duas Seções que foram modificadas, rezam do
modo seguinte:
CAPÍTULO XVI. SECÃO VII:
As obras feitas pelos não regenerados, embora
sejam quanto à matéria. coisas que Deus ordena e em si mesmas louváveis e
úteis, e embora o negligenciá-las seja pecaminoso e ofensivo a Deus, não
obstante, em razão, de não procederem de um coração purificado pela fé, elas
não são feitas devidamente - segundo a Palavra - nem para um fim justo - a
glória de Deus - ficam aquém do que Deus exige e não podem preparar homem algum
para receber a graça de Deus.
CAPÍTULO XXV, SEÇÃO VI:
Nosso Senhor Jesus Cristo é o único Cabeça da
Igreja, e a pretensão de qualquer homem ser vigário de Cristo e cabeça da
Igreja, é contrária à Escritura nem tem base alguma na História e é uma
usurpação que desonra a nosso Senhor Jesus Cristo.
Também foram acrescentados mais dois
Capítulos à Confissão de Fé, que são os seguintes:
CAPÍTULO XXXIV - DO ESPIRITO SANTO
CAPÍTULO XXXV - DO AMOR DE DEUS E DAS MISSÕES
A AUTORIDADE DA CONFISSÃO DE FÉ E DOS
CATECISMOS
Pessoas há que estranham adotar a Igreja
Presbiteriana uma Confissão de Fé e Catecismo como regra de fé, quando sustenta
sempre ser a Escritura Sagrada sua única regra de fé e de prática. A
incoerência é apenas aparente. A Igreja Presbiteriana coloca a Bíblia em
primeiro lugar. É ela só que deve obrigar a consciência.
É também princípio fundamental da Igreja
Presbiteriana que toda autoridade eclesiástica é ministerial e declarativa; que
todas as decisões dos concílios devem harmonizar-se com a revelação divina. A
consciência não se deve sujeitar a essas decisões se forem contrárias à Palavra
de Deus.
Ainda outro princípio da mesma Igreja é que
os concílios, sendo compostos de homens falíveis, podem errar, e muitas vezes
têm errado. Suas decisões, portanto, não podem ser recebidas como regra
absoluta e primária de fé e prática; servem somente para ajudar na crença ou na
conduta que se deve adotar. O supremo juiz de todas as controvérsias, em
matéria religiosa, é o Espírito Santo falando na e pela Escritura. Por esta,
pois, devem-se julgar toda e qualquer decisão dos concílios e toda e qualquer
doutrina ensinada por homens.
Admitir-se a falibilidade dos concílios não é
depreciar a autoridade da Confissão de Fé e dos Catecismos para aqueles que de
livre vontade os aceitem. Admitindo tal, a Igreja somente declare que depende
do Autor da Escritura, e recebe a direção do seu Espírito na interpretação da
Palavra e nas fórmulas de aplicar suas doutrinas. A Igreja Presbiteriana
sustenta que a Escritura é a suprema e infalível regra de fé e prática; e
também que a Confissão de Fé e os Catecismos contêm o sistema de doutrina
ensinado na Escritura, e dela deriva toda a sua autoridade e a ela tudo se
subordina.
É justamente porque cremos que a Confissão de
Fé e os Catecismos estão em harmonia com a Escritura, nossa regra infalível,
que os aceitamos. Não existem, pois, na Igreja Presbiteriana, duas regras de
fé, mas uma só, suprema e infalível. As outras fórmulas são subordinadas e
falíveis, necessárias para a pureza, governo e disciplina da Igreja. Assim a
experiência de muitos séculos o tem demonstrado.
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